segunda-feira, 18 de agosto de 2025

LITURGIA E HOMILIA DIÁRIA - Evangelho: Mateus 19:23-30 - 19.08.2025

 Liturgia Diária19 – TERÇA-FEIRA 

20ª SEMANA DO TEMPO COMUM


(verde – ofício do dia)


Olhai, ó Deus, que sois a nossa proteção, vede a face do eleito, vosso Ungido! Na verdade, um só dia em vosso templo vale mais do que milhares fora dele! (Sl 83,10s)


A história da criação revela que o Eterno desperta líderes para conduzir a humanidade à libertação das forças que aprisionam a consciência. O chamado divino não exige posses ou estruturas de poder, mas uma entrega interior que transcende o medo. A verdadeira grandeza nasce quando a alma abandona suas falsas seguranças e ousa confiar no Mistério que tudo sustenta. Cada ser humano é convocado a afirmar sua dignidade no fluxo da liberdade espiritual, onde a coragem floresce e a opressão perde sua força.

“O Senhor é minha luz e minha salvação; a quem temerei?” (Sl 27,1)



Evangelio secundum Matthaeum (Mt 19,23-30)

23 Amen dico vobis, quia dives difficile intrabit in regnum caelorum.
Em verdade vos digo: um rico dificilmente entrará no Reino dos Céus.

24 Et iterum dico vobis: facilius est camelum per foramen acus transire, quam divitem intrare in regnum caelorum.
E ainda vos digo: é mais fácil um camelo passar pelo buraco de uma agulha do que um rico entrar no Reino dos Céus.

25 Auditis autem his, discipuli mirabantur valde, dicentes: Quis ergo poterit salvus esse?
Ouvindo isso, os discípulos ficaram grandemente admirados e disseram: Quem poderá, então, salvar-se?

26 Aspiciens autem Iesus, dixit illis: Apud homines hoc impossibile est; apud autem Deum omnia possibilia sunt.
Jesus, fitando-os, disse: Aos homens isso é impossível, mas a Deus tudo é possível.

27 Tunc respondens Petrus, dixit ei: Ecce nos reliquimus omnia et secuti sumus te: quid ergo erit nobis?
Então Pedro, tomando a palavra, disse: Eis que deixamos tudo e te seguimos; que haverá, pois, para nós?

28 Iesus autem dixit illis: Amen dico vobis, quod vos, qui secuti estis me, in regeneratione, cum sederit Filius hominis in sede maiestatis suae, sedebitis et vos super sedes duodecim, iudicantes duodecim tribus Israel.
Jesus lhes respondeu: Em verdade vos digo: vós que me seguistes, na regeneração, quando o Filho do Homem se assentar no trono de sua glória, também vos assentareis em doze tronos para julgar as doze tribos de Israel.

29 Et omnis, qui reliquit domum, vel fratres, aut sorores, aut patrem, aut matrem, aut uxorem, aut filios, aut agros propter nomen meum, centuplum accipiet, et vitam aeternam possidebit.
E todo aquele que tiver deixado casas, irmãos, irmãs, pai, mãe, esposa, filhos ou terras por causa do meu nome, receberá cem vezes mais e herdará a vida eterna.

30 Multi autem erunt primi novissimi, et novissimi primi.
Muitos dos primeiros serão os últimos, e muitos dos últimos serão os primeiros.

Reflexão:
O Reino anunciado por Cristo não é a posse, mas a abertura para o infinito. O apego às riquezas fecha a alma, enquanto a entrega liberta. O impossível humano se dissolve na potência divina que tudo transforma. O seguimento exige desprendimento, mas revela a dignidade profunda do ser. Cada renúncia abre horizontes de comunhão e plenitude. A promessa não se mede por bens, mas pela expansão da vida que se doa. No fluxo do eterno, os últimos se tornam primeiros porque já aprenderam a ser livres. O caminho é confiança, coragem e participação no movimento criador do Amor.


Versículo mais importaante:

O versículo central deste trecho é aquele em que Cristo revela o horizonte do impossível humano aberto pela força divina:

Matthaeus 19,26
Aspiciens autem Iesus, dixit illis: Apud homines hoc impossibile est; apud autem Deum omnia possibilia sunt.
Jesus, fitando-os, disse: Aos homens isso é impossível, mas a Deus tudo é possível.(Mt 19:26)


HOMILIA

A Travessia do Impossível

Amados, o Evangelho nos coloca diante de uma palavra que atravessa os séculos como chama viva: “Aos homens isso é impossível, mas a Deus tudo é possível.” Nesta afirmação, o Cristo não apenas revela a limitação da posse e da riqueza como caminho de salvação, mas anuncia o poder transformador que se manifesta quando a criatura se abre ao Infinito.

A dificuldade do rico em entrar no Reino não é condenação, mas sinal de que toda prisão interior — seja no ouro, no poder, no orgulho ou nas certezas que sufocam — impede o desabrochar da verdadeira liberdade. Não é o bem exterior que fecha o céu, mas a alma que se agarra ao transitório, esquecendo sua origem na eternidade.

A vida em Deus é movimento, é crescimento, é libertação das amarras que reduzem o ser ao mínimo de sua possibilidade. Quando Pedro pergunta o que receberá aquele que tudo abandona, a resposta do Mestre revela que o seguimento é sempre caminho de regeneração. Deixar não é perder, mas reencontrar; renunciar não é vazio, mas plenitude; caminhar com Cristo é nascer continuamente para uma liberdade que não conhece fronteiras.

O Reino é promessa de comunhão, mas também de responsabilidade. Os que participam do trono do Filho do Homem são chamados a julgar não pela lógica da força, mas pela luz da dignidade e da justiça que habitam cada pessoa. O último torna-se primeiro quando reconhece que sua grandeza não vem do que possui, mas do que é diante de Deus.

Assim, este Evangelho nos convoca à travessia interior: abandonar as falsas seguranças, confiar no impossível que só o Amor realiza, e viver a dignidade de quem nasceu para a eternidade. Pois o Reino não é fechado ao homem, mas aberto àquele que se abre ao próprio Mistério divino.


EXPLICAÇÃO TEOLÓGICA

O Olhar de Cristo

“Jesus, fitando-os...” — o Evangelho começa por sublinhar o olhar de Cristo. Não se trata apenas de um gesto físico, mas de uma penetração espiritual. O olhar de Cristo descobre o coração humano, revelando sua impotência diante do absoluto. É um olhar que não condena, mas ilumina, abrindo espaço para que o homem reconheça sua finitude e se abra ao Mistério.

O Impossível Humano

“Aos homens isso é impossível...” — aqui se revela a condição limitada da criatura. O impossível não significa uma negação da liberdade, mas o reconhecimento de que o ser humano, em sua própria força, não pode alcançar a plenitude da vida. A salvação, a transfiguração do ser, não se compram, não se conquistam por mérito ou posse. O impossível é o limite onde a criatura descobre que não é absoluta.

A Possibilidade Divina

“...mas a Deus tudo é possível.” — Deus é a fonte que transcende o impossível humano. O que se fecha no horizonte da criatura abre-se no horizonte do Criador. O impossível se torna caminho de revelação: ali onde o homem se vê impotente, Deus se manifesta como pura possibilidade, transbordamento do Ser que gera, sustenta e transforma. Aqui nasce a esperança que não se apoia em forças humanas, mas no poder criador do Amor.

A Dinâmica da Liberdade

Este versículo mostra que a liberdade humana não é absoluta nem autossuficiente, mas se cumpre no encontro com a liberdade divina. Ao reconhecer o limite, a alma não se anula, mas é elevada; ao aceitar sua pobreza, encontra-se enriquecida pela infinitude. A verdadeira liberdade não é negar o impossível, mas acolher que, em Deus, todo impossível é transformado em horizonte aberto.

A Dignidade do Ser

O impossível humano não é condenação, mas revelação da dignidade da pessoa. A criatura é chamada a ser co-participante na obra divina, a expandir-se na direção do eterno. Cada limite é um convite para ir além de si, cada impotência é um chamado à confiança. O impossível é o limiar onde o homem encontra sua própria grandeza, porque ali descobre que é sustentado pelo Infinito.

O Mistério do Reino

No fundo, este versículo é uma chave para o Reino anunciado por Cristo: não é conquista humana, mas dom divino. O Reino não se mede pelas capacidades do homem, mas pela graça de Deus que o envolve. O impossível, longe de ser barreira, é a porta estreita que conduz ao ilimitado.

Leia: LITURGIA DA PALAVRA

Leia também:

Primeira Leitura

Segunda Leitura

Salmo

Evangelho

Santo do dia

Oração Diária

Mensagens de Fé

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