Liturgia Diária
16 – SÁBADO
19ª SEMANA DO TEMPO COMUM
(verde – ofício do dia)
Lembrai-vos, Senhor, da vossa aliança e nunca esqueçais a vida dos vossos pobres. Levantai-vos, Senhor, e julgai vossa causa, e não fecheis o ouvido ao clamor dos que vos procuram (Sl 73,20.19.22s).
A assembleia, unida em propósito, afirma sua confiança na Fonte Eterna e proclama: “Nós serviremos ao Senhor, pois Ele é o nosso Deus”. Tal escolha não é imposição, mas ato consciente da vontade que busca a Verdade. As bênçãos do Cristo fluem como rio vivo sobre crianças e famílias, fortalecendo nelas a dignidade e a liberdade interior. Neste dia, recorda-se que a verdadeira ordem nasce da aliança entre fé e responsabilidade, onde cada ser, iluminado pelo amor divino, é chamado a construir uma vida justa, harmoniosa e guiada pela luz da consciência desperta.
Evangelium secundum Matthæum 19,13–15
Titulus liturgicus: De parvulis ad Iesum adducendis
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Tunc oblati sunt ei parvuli ut manus eis imponeret et oraret.
Então foram-lhe apresentadas criancinhas, para que lhes impusesse as mãos e orasse; -
Discipuli autem increpabant eos. Iesus vero ait eis: Sinite parvulos, et nolite eos prohibere ad me venire; talium est enim regnum cælorum.
Mas os discípulos os repreendiam. Jesus, porém, disse-lhes: “Deixai vir a mim os pequeninos, e não os impeçais, porque de tais é o reino dos céus.” -
Et cum imposuisset eis manus, abiit inde.
E, tendo-lhes lançado as mãos, retirou-se dali.
Reflexão:
A imagem das crianças trazidas reflete a tessitura do vínculo singular entre o indivíduo e o plano transcendente, revelando a graciosidade original que não depende de imposição ou de status social. Neste gesto simples, emerge o valor do respeito à pessoa como fim em si mesma, expressão máxima de confiança recíproca. A ação de acolhê-las não é gesto paternalista, mas sim reconhecimento da dignidade que brota da iniciativa livre e consciente. O impulso genuíno de aproximar-se revela uma convicção: o florescimento humano se enraíza no respeito à autonomia e no cultivo da responsabilidade pessoal, permitindo que a ordem social se regenere a partir da valorização plena da liberdade individual.
Versículo mais importante:
O versículo central e mais significativo do trecho é:
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Iesus vero ait eis: Sinite parvulos, et nolite eos prohibere ad me venire; talium est enim regnum cælorum.
Jesus, porém, disse-lhes: “Deixai vir a mim os pequeninos, e não os impeçais, porque de tais é o reino dos céus.” (Mt 19:14)
O Chamado dos Pequenos ao Coração do Infinito
No silêncio que envolve a cena, mãos frágeis são conduzidas à Presença que sustenta todas as coisas. As crianças, símbolo da essência não corrompida, aproximam-se do Verbo Encarnado sem cálculos nem reservas, revelando a pureza de quem se entrega inteiramente ao mistério.
O Mestre não apenas as recebe — Ele afirma que a herança do Reino pertence a quem conserva esta abertura interior. Aqui, liberdade e dignidade não são concessões externas, mas expressão do núcleo imortal que habita em cada ser humano. Aproximar-se d’Ele é retorno à origem, onde a vida se compreende como caminho de plenitude.
Ao impor as mãos, Cristo não transfere poder terreno, mas desperta a centelha que dorme em cada alma, convidando-a a crescer em consciência, amor e verdade. A criança que somos no íntimo não se perde com os anos, apenas se oculta; e o chamado permanece: abrir-se ao Eterno com confiança, cultivar a liberdade interior e deixar que a dignidade, florescendo de dentro, transforme todo o nosso existir.
EXPLICAÇÃO TEOLÓGICA
1. O Convite que Transcende o Tempo
Quando Jesus diz “Deixai vir a mim os pequeninos”, não está apenas se referindo às crianças presentes, mas a todos que se aproximam com espírito puro e desarmado. Na perspectiva eterna, o “vir” é um movimento da alma em direção à sua Fonte, atravessando os limites do espaço e do tempo.
2. O Símbolo dos Pequenos
Os “pequeninos” representam a essência do ser humano antes das camadas de orgulho, medo e cálculo. São a expressão da simplicidade original, onde a consciência não está fragmentada, mas aberta ao todo. A criança, neste sentido, é um arquétipo do estado primordial que nos permite receber a vida divina sem resistência.
3. A Abertura à Graça
“E não os impeçais” indica que a obstrução ao encontro com Deus não vem apenas de forças externas, mas também de barreiras internas criadas pelo apego, pelo condicionamento e pela autossuficiência. O chamado é para remover tais obstáculos, permitindo que a graça flua livremente e alcance o núcleo mais profundo da pessoa.
4. O Reino dos Céus como Estado de Consciência
“Porque de tais é o reino dos céus” não se limita a uma promessa futura, mas indica uma realidade presente e acessível. O Reino é a dimensão onde a vontade humana se harmoniza com a divina. Pertence aos que mantêm a liberdade interior, a dignidade inata e a abertura ao mistério — qualidades que resplandecem na simplicidade infantil.
5. A Jornada de Retorno
A mensagem de Jesus é também uma convocação ao retorno: despir-se das máscaras acumuladas, reencontrar a criança interior e permitir que ela seja conduzida ao Coração Eterno. Essa é a verdadeira evolução espiritual — não o acúmulo de formas externas, mas a revelação cada vez mais plena daquilo que já somos no âmago do nosso ser.
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