sábado, 8 de novembro de 2025

LITURGIA E HOMILIA DIÁRIA - Evangelho: João 2:13-22 - 09.11.2025

 Liturgia Diária


9 – DOMINGO 

DEDICAÇÃO DA BASÍLICA DO LATRÃO


(branco, glória, creio, pref. da Dedicação – ofício da festa)


Eu vi a cidade santa, a nova Jerusalém, descendo do céu, de junto de Deus, preparada como esposa adornada para seu esposo (Ap 21,2).


Reunidos na morada interior do Ser, celebramos não um edifício, mas a consciência que sustenta todas as formas. O verdadeiro templo é aquele erguido na alma, onde o Espírito habita em liberdade e razão. Cada gesto de comunhão é ato de reconstrução interior, e cada pensamento justo é pedra viva desse santuário. Na presença do Amor que tudo vivifica, reconhecemos que a verdadeira dedicação não é à matéria, mas à essência que transcende o tempo. Assim, o Cristo interior renasce em nós, e a vida se torna celebração da plenitude e da sabedoria divina.



Evangelium secundum Ioannem 2,13-22

In Dedicatione Templorum

  1. Et prope erat Pascha Iudaeorum, et ascendit Iesus Hierosolymam.
    Estava próxima a Páscoa dos judeus, e Jesus subiu a Jerusalém.

  2. Et invenit in templo vendentes boves, et oves, et columbas, et nummularios sedentes.
    E encontrou no templo os que vendiam bois, ovelhas e pombas, e os cambistas sentados.

  3. Et cum fecisset quasi flagellum de funiculis, omnes eiecit de templo, oves quoque et boves, et nummulariorum effudit aes, et mensas subvertit.
    E, tendo feito um chicote de cordas, expulsou todos do templo, com as ovelhas e os bois, espalhou o dinheiro dos cambistas e derrubou as mesas.

  4. Et his, qui columbas vendebant, dixit: Auferte ista hinc, nolite facere domum Patris mei domum negotiationis.
    E disse aos que vendiam pombas: Tirai isto daqui; não façais da casa de meu Pai uma casa de comércio.

  5. Recordati vero sunt discipuli eius quia scriptum est: Zelus domus tuae comedit me.
    Então, seus discípulos lembraram-se de que estava escrito: O zelo por tua casa me consumirá.

  6. Responderunt ergo Iudaei et dixerunt ei: Quod signum ostendis nobis, quia haec facis?
    Os judeus responderam e disseram-lhe: Que sinal nos mostras, já que fazes estas coisas?

  7. Respondit Iesus et dixit eis: Solvite templum hoc, et in tribus diebus excitabo illud.
    Jesus respondeu e disse-lhes: Destruí este templo, e em três dias o levantarei.

  8. Dixerunt ergo Iudaei: Quadraginta et sex annis aedificatum est templum hoc, et tu tribus diebus excitabis illud?
    Disseram então os judeus: Quarenta e seis anos foi este templo edificado, e tu o levantarás em três dias?

  9. Ille autem dicebat de templo corporis sui.
    Mas ele falava do templo do seu corpo.

  10. Cum ergo resurrexisset a mortuis, recordati sunt discipuli eius quia hoc dicebat, et crediderunt Scripturae et sermoni, quem dixit Iesus.
    Quando, pois, ressuscitou dos mortos, seus discípulos lembraram-se de que ele dizia isto, e creram na Escritura e na palavra que Jesus dissera.

Verbum Domini

Reflexão:
O templo exterior é imagem do santuário interior, onde o Ser busca ordem, pureza e coerência. Jesus expulsa o comércio do sagrado para ensinar que o valor da existência não se mede por troca, mas por integridade. A verdadeira reconstrução ocorre no íntimo, onde cada ação justa renova o espírito. O corpo, templo da presença divina, é chamado à disciplina e ao amor. Destruir as ilusões é o primeiro passo da elevação. A harmonia nasce do domínio de si, e a liberdade floresce quando o interior se torna casa da verdade que habita em silêncio.


Versículo  mais importante:

Evangelium secundum Ioannem 2,19

19. Respondit Iesus et dixit eis: Solvite templum hoc, et in tribus diebus excitabo illud.
Jesus respondeu e disse-lhes: Destruí este templo, e em três dias o levantarei.(Jo 2:19)

Este versículo é o coração simbólico da passagem, pois revela a transição do templo material ao templo espiritual, o corpo de Cristo como morada da Vida eterna. Nele, o tempo e a matéria se dissolvem diante da consciência da Ressurreição: o que é destruído pela ignorância, o Espírito restaura em plenitude. É a afirmação da eternidade que habita dentro do efêmero.


HOMILIA

O Templo Interior da Liberdade e da Consciência

O Evangelho segundo João revela, neste episódio, um gesto que transcende o simples ato de purificação do templo. Quando Jesus expulsa os mercadores, Ele não age apenas contra um abuso externo, mas simboliza o movimento interior pelo qual cada ser é chamado a libertar o sagrado de toda corrupção da alma. O templo é a imagem do próprio homem, morada do Espírito, espaço onde o eterno se faz presente na consciência.

Cada um carrega em si um altar, e sobre ele repousa a chama da dignidade. Contudo, com frequência, essa chama se obscurece pelas paixões, pelos apegos e pela busca incessante de poder e vantagem. Cristo, ao erguer o flagelo, desperta-nos para o rigor que purifica a interioridade: o zelo divino que consome o que é falso para restaurar o que é verdadeiro.

“Destruí este templo e em três dias o levantarei.” Esta palavra é o símbolo da transformação interior. O templo que cai é o eu ilusório, construído sobre o orgulho e o desejo de domínio; o templo que ressuscita é o ser unificado, erguido sobre a verdade e a liberdade do Espírito. A destruição é passagem, não ruína: o colapso do que é efêmero para o despertar do que é eterno.

A liberdade autêntica não consiste em fazer o que se quer, mas em querer o que é justo e necessário. O Cristo que purifica o templo é o mesmo que liberta a alma da servidão das paixões, conduzindo-a ao governo da razão iluminada pelo amor. Assim, a evolução espiritual é um processo de reconstrução: cada queda se torna fundamento de uma consciência mais pura, cada renúncia, semente de plenitude.

O templo verdadeiro é edificado no silêncio interior, onde o Espírito repousa em serenidade. É ali que o homem reencontra a sua dignidade essencial, não como posse, mas como presença; não como conquista, mas como estado de comunhão. E quando esse templo se eleva em nós, o universo inteiro se torna liturgia, e cada gesto cotidiano transforma-se em oferenda viva da consciência desperta.


EXPLICAÇÃO TEOLÓGICA

“Destruí este templo, e em três dias o levantarei.” (Jo 2,19)

O Mistério do Templo

Quando Jesus pronuncia estas palavras, Ele não fala apenas do edifício de Jerusalém, mas de uma realidade mais profunda: o templo como imagem do ser humano. No corpo habita o Espírito, e na consciência habita o Verbo. A estrutura exterior pode ser destruída, mas a essência permanece indestrutível, pois é sustentada pela presença divina que renova todas as formas. Assim, o templo torna-se símbolo do ponto onde o divino e o humano se encontram, a morada da eternidade no tempo.

A Queda do Velho e o Nascimento do Novo

“Destruí este templo” não é ameaça, mas convite. O Cristo convida à demolição das estruturas interiores corrompidas — ilusões, apegos, orgulhos e falsas seguranças, que transformam o sagrado em mercado. Destruir o templo é deixar ruir tudo o que não é essencial, permitindo que a luz da verdade se manifeste sem obstrução. Em cada ruína interior nasce a possibilidade de reconstrução, e o Espírito age como arquiteto silencioso que ergue um templo mais puro e mais livre.

Os Três Dias da Transformação

Em três dias o templo é reerguido, não pela força humana, mas pelo poder da Vida que habita o próprio Cristo. Esses “três dias” simbolizam o processo espiritual que todo ser atravessa: morte, silêncio e ressurreição. Primeiro, a morte do ego que busca domínio; depois, o silêncio fecundo em que a alma se desapega e se aquieta; por fim, a ressurreição, quando o ser renascido já não vive pela matéria, mas pela consciência do Espírito. Assim, o que parecia perda revela-se plenitude.

A Liberdade da Consciência

O templo restaurado não é mais prisioneiro das formas, pois foi purificado do comércio interior que vendia o sagrado por conveniência. Quando a alma se torna templo verdadeiro, reina nela uma liberdade serena: nada a domina, nada a corrompe, nada a perturba. Essa liberdade é a dignidade suprema do ser, o estado em que o homem age em harmonia com o Logos interior, princípio de ordem, sabedoria e amor.

A Vida que se Ergue

Erguer o templo em três dias é o gesto eterno de Deus no coração humano. Cada vez que o ser se levanta após a queda, a palavra de Cristo se cumpre novamente: o templo é reconstruído. Assim, o versículo revela o dinamismo da vida espiritual, morrer para o transitório e ressurgir para o eterno. O templo é o próprio homem reconciliado com Deus, sustentado pela certeza de que nada destruído permanece morto quando é tocado pela força da Verdade que vive para sempre.

Leia: LITURGIA DA PALAVRA

Leia também:

Primeira Leitura

Segunda Leitura

Salmo

Evangelho

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Oração Diária

Mensagens de Fé

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