domingo, 9 de novembro de 2025

LITURGIA E HOMILIA DIÁRIA - Evangelho: Lucas 17:1-6 - 10.11.2025

 Liturgia Diária


10 – SEGUNDA-FEIRA 

SÃO LEÃO MAGNO


PAPA E DOUTOR DA IGREJA


(branco, pref. comum, ou dos doutores – ofício da memória)


O Senhor firmou com ele uma aliança de paz e o colocou à frente do seu povo a fim de ser sacerdote para sempre (Eclo 45,30).


Leão, espírito erguido sobre as sombras do tempo, encarnou a força serena da razão aliada à fé. Sua voz sustentou a unidade interior da Igreja como quem guarda o fogo da consciência diante das tempestades do erro. Na firmeza de seu discernimento, brilhou o equilíbrio entre a liberdade da alma e a obediência à verdade. Que seu exemplo nos inspire a viver com retidão e coragem, cultivando a luz da sabedoria em meio às incertezas do mundo, para que a fé não seja prisão, mas horizonte de um espírito que se conhece e permanece fiel ao Eterno.



De Scandalis et de Fide

Evangelium secundum Lucas 17,1-6 — Vulgata

1. Et ait ad discipulos suos: Impossibile est ut non veniant scandala: vae autem illi per quem veniunt.
E disse aos seus discípulos: É inevitável que venham os escândalos; mas ai daquele por quem eles vêm.

2. Utilius est illi si lapis molaris imponatur circa collum ejus, et projiciatur in mare, quam ut scandalizet unum de pusillis istis.
Melhor seria que se lhe pendurasse ao pescoço uma pedra de moinho e fosse lançado ao mar, do que escandalizar um destes pequeninos.

3. Attendite vobis: Si peccaverit in te frater tuus, increpa illum: et si pœnitentiam egerit, dimitte illi.
Tende cuidado de vós mesmos. Se teu irmão pecar contra ti, repreende-o; e se ele se arrepender, perdoa-lhe.

4. Et si septies in die peccaverit in te, et septies in die conversus fuerit ad te, dicens: Pœnitet me: dimitte illi.
E se sete vezes no dia pecar contra ti, e sete vezes no dia vier a ti, dizendo: Arrependo-me, perdoa-lhe.

5. Et dixerunt apostoli Domino: Adauge nobis fidem.
E os apóstolos disseram ao Senhor: Aumenta a nossa fé.

6. Dixit autem Dominus: Si habueritis fidem sicut granum sinapis, dicetis huic arbori moro: Eradicare, et transplantare in mare, et oboediet vobis.
E o Senhor respondeu: Se tiverdes fé como um grão de mostarda, direis a esta amoreira: Arranca-te e planta-te no mar; e ela vos obedecerá.

Verbum Domini

Reflexão:
A fé é a centelha que ordena o caos e devolve o homem à sua medida interior. Quem a possui não teme o escândalo, pois sabe que toda queda pode ser princípio de ascensão. O perdão não é fraqueza, mas força que liberta o coração do peso alheio. O verdadeiro poder não se impõe, realiza-se no domínio de si. A fidelidade à consciência é o altar da paz interior. Cada gesto justo amplia o horizonte da alma. A fé, mesmo mínima, move o impossível porque reconhece no invisível a semente da eternidade.


Versículo mais importante:

Versus Praecipuus — Evangelium secundum Lucam 17,6

6. Dixit autem Dominus: Si habueritis fidem sicut granum sinapis, dicetis huic arbori moro: Eradicare, et transplantare in mare, et oboediet vobis.
E o Senhor respondeu: Se tiverdes fé como um grão de mostarda, direis a esta amoreira: Arranca-te e planta-te no mar; e ela vos obedecerá.(Lc 17:6)


HOMILIA

A Força Invisível da Fé

O Evangelho segundo Lucas (17,1-6) nos conduz ao núcleo do ser, onde a fé revela-se não como crença cega, mas como potência ordenadora do espírito. Cristo adverte sobre os escândalos, pois sabe que a queda alheia pode nascer da desatenção de quem perdeu o eixo da consciência. Cada palavra e gesto emanam uma vibração que toca a estrutura do mundo; por isso, o homem é chamado à vigilância interior.

A fé, comparada a um grão de mostarda, é o símbolo da origem invisível de toda transformação. Ela não se mede pelo tamanho, mas pela intensidade de presença. No mínimo ponto de luz habita a potência de mover o inamovível. Assim, o discípulo é convidado a cultivar a fé como quem cuida de um fogo interior: silencioso, firme, constante.

O escândalo e o perdão são faces de uma mesma lição espiritual. O primeiro revela a fragilidade humana; o segundo, a possibilidade da redenção pela liberdade consciente. Perdoar é libertar-se do ciclo da reatividade e ascender à ordem superior da alma. Somente o espírito que se domina é verdadeiramente livre.

Neste Evangelho, a liberdade não se opõe à obediência divina; ela floresce nela. Crer é escolher alinhar-se ao movimento eterno do Ser, reconhecer-se como parte viva da Criação. A fé torna-se então o exercício mais puro da dignidade humana: o retorno ao centro, onde o homem participa da força criadora de Deus.

A fé é o eixo invisível que sustenta o universo interior. Quando cultivada com serenidade, transforma o escândalo em aprendizado, o erro em caminho, e a limitação em convite à eternidade. Pois o grão de mostarda, em sua pequenez, guarda o mistério do infinito.


EXPLICAÇÃO TEOLÓGICA

A Potência Oculta do Grão
“E o Senhor respondeu: Se tiverdes fé como um grão de mostarda, direis a esta amoreira: Arranca-te e planta-te no mar; e ela vos obedecerá.” (Lc 17,6)

1. O Mistério do Grão

O ensinamento de Cristo repousa sobre uma imagem de simplicidade e profundidade infinitas. O grão de mostarda é quase imperceptível aos olhos, mas contém em si a força de uma árvore inteira. Assim é a fé: não depende da quantidade, mas da pureza de seu centro. No coração humano, há um ponto onde a vontade se une ao princípio divino. A fé é o despertar dessa união — o reconhecimento silencioso de que o poder de Deus já habita em nós, ainda que adormecido.

2. O Movimento do Espírito

“Arranca-te e planta-te no mar” é mais que uma metáfora de poder. É a expressão do domínio interior, da força que, sem violência, move o que parece impossível. O mar simboliza a imensidão do invisível; a árvore, as raízes do hábito e do medo. Quando o homem ordena ao que o prende que se transfira ao mistério do infinito, ele renasce. O verbo de fé não é ruído, é vibração silenciosa do ser em harmonia com o Eterno.

3. A Fé como Alinhamento Interior

A fé autêntica não é desejo nem fuga, mas concordância com a ordem divina. O homem que crê verdadeiramente não busca alterar o mundo segundo o seu querer; ele ajusta sua alma à medida do divino. Por isso, o poder da fé não está em controlar a natureza, mas em integrar-se a ela. Aquele que se alinha à Verdade deixa de lutar contra as marés da existência e passa a mover-se com elas, guiado pela confiança silenciosa no Bem maior.

4. A Dignidade da Alma Fiel

A fé é o ato supremo de liberdade. Crer é afirmar que nada, nem o escândalo nem a dor, tem domínio sobre o espírito que se sabe fundado na Luz. O homem que conserva a fé em meio às tempestades não é passivo; é senhor de si, porque descobriu que o verdadeiro poder não está fora, mas dentro. Sua dignidade nasce da harmonia entre o pensamento e o ser, entre o finito e o Eterno.

5. O Grão como Símbolo do Infinito

O grão de mostarda é o ponto onde o temporal toca o eterno. Nele, o Cristo nos revela que o absoluto se manifesta no ínfimo. Cada gesto de fé, cada ato silencioso de confiança, é semente de eternidade. Quando o homem cultiva esse grão dentro de si, ele se torna co-criador, colaborador da própria Criação. E o mundo, antes resistente, torna-se obediente à sua voz, pois esta já não é apenas humana — é o sopro do Espírito pronunciando o Verbo.

Leia: LITURGIA DA PALAVRA

Leia também:

Primeira Leitura

Segunda Leitura

Salmo

Evangelho

Santo do dia

Oração Diária

Mensagens de Fé

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