Liturgia Diária13 – SÁBADO
SÃO JOÃO CRISÓSTOMO
BISPO E DOUTOR DA IGREJA
(branco, pref. comum, ou dos doutores – ofício da memória)
Os sábios brilharão como o esplendor do firmamento; e os que ensinam a justiça para muitos brilharão como as estrelas para sempre (Dn 12,3).
João, nascido na Síria por volta de 350 e falecido em 407, tornou-se símbolo da força interior que transcende o tempo. Chamado de “boca de ouro”, irradiava a Palavra como luz que não se fecha em si, mas se oferece em plenitude. Suas homilias e comentários revelam não apenas erudição, mas um chamado à liberdade do espírito que busca a verdade sem medo. Seu testemunho ensina que a dignidade humana floresce quando se alimenta da Palavra e da Eucaristia, fontes vivas de comunhão. Assim, o ser encontra clareza, responsabilidade e abertura para participar da grande obra do Amor eterno.
Evangelium secundum Lucam (6,43-49)
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Non est enim arbor bona, quae facit fructus malos: neque arbor mala, faciens fructum bonum.
43. Não há árvore boa que produza frutos maus, nem árvore má que produza frutos bons. -
Unaquaeque enim arbor de fructu suo cognoscitur. Neque enim de spinis colligunt ficus: neque de rubo vindemiant uvam.
44. Pois cada árvore se conhece pelo seu fruto. Não se colhem figos dos espinhos, nem se vindimam uvas dos sarços. -
Bonus homo de bono thesauro cordis sui profert bonum: et malus homo de malo thesauro profert malum. Ex abundantia enim cordis os loquitur.
45. O homem bom, do bom tesouro do seu coração, tira o bem; e o homem mau, do mau tesouro, tira o mal; pois a boca fala da abundância do coração. -
Quid autem vocatis me Domine, Domine: et non facitis quae dico?
46. Por que me chamais: Senhor, Senhor, e não fazeis o que eu digo? -
Omnis qui venit ad me, et audit sermones meos, et facit eos: ostendam vobis cui simile sit.
47. Todo aquele que vem a mim, ouve as minhas palavras e as pratica, eu vos mostrarei a quem é semelhante. -
Similis est homini aedificanti domum, qui fodit in altum, et posuit fundamentum super petram: inundatione autem facta, illisum est flumen domui illi, et non potuit eam movere: fundata enim erat super petram.
48. É semelhante a um homem que construiu uma casa, cavou profundamente e pôs o alicerce sobre a rocha; vindo a enchente, o rio investiu contra a casa, mas não a conseguiu abalar, porque estava bem construída sobre a rocha. -
Qui autem audit, et non facit: similis est homini aedificanti domum suam super terram sine fundamento: in quam illisus est fluvius, et continuo cecidit: et facta est ruina domus illius magna.
49. Mas aquele que ouve e não pratica é semelhante a um homem que construiu uma casa sobre a terra, sem alicerce; o rio investiu contra ela e imediatamente caiu, e grande foi a ruína daquela casa.
Reflexão:
Este Evangelho revela que a essência de cada ser se manifesta em seus frutos, e não apenas em suas palavras. A clareza interior exige fundamentos sólidos, construídos na verdade e no amor. A vida não se sustenta em aparências frágeis, mas na rocha que é a consciência enraizada no eterno. A liberdade nasce quando se vive aquilo que se professa, e não apenas quando se fala. Cada gesto humano é semente que se torna fruto no tempo. A dignidade floresce quando a construção interior resiste às águas da incerteza. Assim, o destino humano é edificar comunhão, unindo esforço pessoal e graça divina.
Versículo mais importante:
Similis est homini aedificanti domum, qui fodit in altum, et posuit fundamentum super petram: inundatione autem facta, illisum est flumen domui illi, et non potuit eam movere: fundata enim erat super petram.
48. É semelhante a um homem que construiu uma casa, cavou profundamente e pôs o alicerce sobre a rocha; vindo a enchente, o rio investiu contra a casa, mas não a conseguiu abalar, porque estava bem construída sobre a rocha.(Lc 6:48)
HOMILIA
A Casa Erguida sobre a Rocha da Eternidade
O Evangelho nos recorda que cada árvore se reconhece por seus frutos. Não se trata apenas de atos exteriores, mas da revelação do tesouro que habita o coração. O ser humano é chamado a cultivar dentro de si um campo fértil, onde o bem floresce não como imposição, mas como expressão livre da verdade que nele habita.
O Senhor nos alerta: não basta chamá-Lo, é preciso viver em coerência com a Palavra. Escutar e não praticar é como edificar uma casa sobre a areia, onde a fragilidade se revela no primeiro embate das águas. Somente quem cava fundo encontra a rocha, e essa rocha é o fundamento sólido que sustenta o existir diante das tempestades.
Construir sobre a rocha é um ato de liberdade e dignidade: liberdade, porque a escolha é consciente e não ditada pelas ilusões passageiras; dignidade, porque a vida se enraíza naquilo que não se corrompe. A casa não é apenas a estrutura visível, mas a morada interior, onde cada gesto, cada palavra e cada silêncio são pedras colocadas em alicerces invisíveis.
Assim, o Evangelho nos convida a evoluir: a transformar palavras em vida, dons em serviço, e fragilidade em fortaleza. Quem constrói sobre a rocha da verdade divina encontra estabilidade e paz, tornando-se sinal vivo de comunhão. A obra de cada coração, edificada na fidelidade e no amor, torna-se então reflexo da eternidade que nos sustenta.
EXPLICAÇÃO TEOLÓGICA
Explicação Teológica e Contemplativa de Lc 6,48
1. A Casa como Símbolo da Existência
A casa, na linguagem do Evangelho, não é apenas morada física, mas representação do ser humano em sua totalidade: corpo, alma e espírito. Cada escolha, cada ato, cada pensamento é como uma pedra colocada em sua construção. A solidez dessa morada depende do fundamento sobre o qual é erguida.
2. Cavar Profundamente: A Jornada Interior
O gesto de cavar fundo indica que não há firmeza sem mergulho interior. Não basta construir na superfície, onde tudo é aparência e ilusão. A profundidade revela o chamado ao autoconhecimento, ao despojamento e à busca da verdade que sustenta o ser. É no silêncio e na interioridade que se encontra a rocha.
3. A Rocha como Fundamento Inabalável
A rocha simboliza o absoluto, a presença divina que não se altera. Construir sobre a rocha é enraizar a vida em princípios eternos e não em circunstâncias mutáveis. É confiar que a dignidade humana se estabelece quando repousa no que é indestrutível. Assim, o ser torna-se estável, mesmo em meio ao caos.
4. A Tempestade como Prova da Vida
A enchente e o rio que investem contra a casa representam as forças inevitáveis da existência: provações, dores, crises. Elas não são destrutivas por si, mas reveladoras daquilo que foi construído. A prova não inventa a fragilidade, apenas a expõe; e não cria a solidez, apenas a manifesta.
5. A Clareza do Edifício Interior
Uma vida bem alicerçada não teme as águas, pois sua estabilidade não depende do exterior. A clareza interior é fruto de liberdade, de responsabilidade assumida, e de uma escolha consciente pelo Bem. Assim, a rocha não é apenas base, mas horizonte: guia seguro da caminhada humana.
6. Chamado à Evolução e Comunhão
Este versículo nos recorda que a verdadeira evolução não está em evitar as tempestades, mas em atravessá-las sem ruir. Construir sobre a rocha é ato de comunhão: o ser se une ao divino e, nessa união, torna-se capaz de sustentar também os outros. A casa edificada é imagem da humanidade reconciliada, que resiste não por força própria, mas porque participa do fundamento eterno.
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