Liturgia Diária
16 – TERÇA-FEIRA
SANTOS CORNÉLIO E CIPRIANO
PAPA E BISPO MÁRTIRES
(vermelho, pref. comum ou dos mártires – ofício da memória)
No alto das esferas invisíveis ressoam cânticos de vitória, pois aqueles que seguiram o Cristo ofertaram a própria vida como testemunho de liberdade e fidelidade. Cornélio e Cipriano revelaram que a verdade não se negocia, mesmo diante da tirania e da morte. Suas vozes ecoam como sementes que despertam a consciência para uma ordem espiritual que não se curva às imposições do poder terreno. O sangue derramado se tornou luz, e a luz se fez caminho para todos os que desejam permanecer íntegros, livres e plenos no amor divino que sustenta a eternidade.
“Se o Filho vos libertar, sereis verdadeiramente livres.” (Jo 8,36)
Dominica XXV per Annum – Evangelium secundum Lucam 7,11-17
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Et factum est: deinde ibat in civitatem, quæ vocatur Naim: et ibant cum eo discipuli eius, et turba copiosa.
E aconteceu que, depois disso, Jesus foi a uma cidade chamada Naim; iam com Ele seus discípulos e uma grande multidão. -
Cum autem appropinquaret portæ civitatis, ecce defunctus efferebatur filius unicus matris suæ: et hæc vidua erat: et turba civitatis multa cum illa.
Quando chegou perto da porta da cidade, eis que levavam um morto, filho único de sua mãe, que era viúva; e com ela ia muita gente da cidade. -
Quam cum vidisset Dominus, misericordia motus super eam, dixit illi: Noli flere.
Vendo-a, o Senhor moveu-se de compaixão por ela e disse: Não chores. -
Et accessit, et tetigit loculum. Hi autem qui portabant, steterunt. Et ait: Adulescens, tibi dico, surge.
Aproximou-se, tocou o esquife, e os que o levavam pararam. Então disse: Jovem, eu te digo, levanta-te. -
Et resedit qui erat mortuus, et coepit loqui. Et dedit illum matri suæ.
E o que estava morto sentou-se e começou a falar; e Jesus o entregou à sua mãe. -
Accepit autem omnes timor: et magnificabant Deum, dicentes: Quia propheta magnus surrexit in nobis: et quia Deus visitavit plebem suam.
Todos foram tomados de temor e glorificavam a Deus, dizendo: Um grande profeta se levantou entre nós; e Deus visitou o seu povo. -
Et exiit hic sermo in universam Iudæam de eo, et in omnem circa regionem.
E esta notícia a respeito dele espalhou-se por toda a Judeia e por toda a região em redor.
Reflexão:
O encontro em Naim revela que a vida não é clausura, mas movimento em direção à plenitude. O gesto de Cristo rompeu o peso da morte e restituiu esperança à viúva. Nesse ato, manifesta-se a força que liberta o ser humano das cadeias do destino cego, lembrando que cada vida possui valor único e irrepetível. A palavra que chama à existência é também apelo à responsabilidade de construir um mundo mais justo. A ressurreição do jovem mostra que a verdadeira ordem se enraíza no amor que gera liberdade, comunhão e futuro. Onde há abertura, o Espírito sempre recria.
Versículo mais importante:
Lucam 7,14
Et accessit, et tetigit loculum. Hi autem qui portabant, steterunt. Et ait: Adulescens, tibi dico, surge.
Aproximou-se, tocou o esquife, e os que o levavam pararam. Então disse: Jovem, eu te digo, levanta-te.(Lc7:14)
HOMILIA
A Palavra que Renasce no Silêncio da Eternidade
O Evangelho de Lucas nos apresenta o encontro de Cristo com a viúva de Naim. Uma procissão de morte sai pela porta da cidade; outra, de vida, entra conduzida pelo Mestre. No choque dessas duas realidades, a eternidade toca o tempo, e a Palavra que habita acima das formas pronuncia o imperativo: “Jovem, eu te digo, levanta-te.”
Esse gesto não é apenas milagre exterior, mas revelação da potência criadora que habita no coração da existência. Cristo mostra que a vida não é simples sequência de instantes que se consomem, mas contínua possibilidade de renascer. A morte, símbolo das limitações humanas, é transfigurada pela força do Verbo que chama ao despertar.
Naim torna-se imagem de cada alma: carregamos cortejos de derrotas, dores e encerramentos. Mas, quando o Cristo se aproxima, não como visitante distante, mas como Presença viva, o que parecia selado é reaberto pela promessa da vida plena. Ele não apenas restitui um filho à sua mãe, mas devolve ao mundo a certeza de que cada pessoa possui dignidade inviolável e destino eterno.
A liberdade, aqui, não é conceito abstrato, mas ato divino: levantar-se é romper as cadeias invisíveis que mantêm a alma prostrada. É resposta à voz que chama a existir de modo pleno, sem medo, sem escravidão ao acaso. O jovem que se ergue no meio do cortejo é sinal de que o ser humano não está condenado à estagnação, mas convidado a um processo de contínua ascensão.
Assim, o Evangelho nos coloca diante de um chamado interior: deixar que a voz de Cristo ressoe nas camadas mais ocultas do nosso ser. Quando essa voz é ouvida, a vida não se mede pelo peso da morte, mas pela intensidade do amor que nos recria. E cada passo, mesmo em meio ao deserto, torna-se caminho que conduz à plenitude do Espírito.
“Adulescens, tibi dico, surge.” É mais que um milagre: é o anúncio de que todo ser humano, em sua dignidade e liberdade, está destinado a erguer-se para a vida eterna.
EXPLICAÇÃO TEOLÓGICA
Explicação Teológica e Metafísica de Lucas 7,14
Aproximou-se, tocou o esquife, e os que o levavam pararam. Então disse: Jovem, eu te digo, levanta-te.
1. A Aproximação: O Divino que se Faz Próximo
O texto inicia com o movimento de Cristo que “se aproxima”. O Deus transcendente não permanece distante, mas entra no espaço humano. O “aproximar-se” é símbolo da encarnação permanente: o Infinito desce até a fragilidade do finito para restaurá-lo. Esse gesto revela que a vida espiritual não se dá em evasão do mundo, mas no mergulho profundo na realidade, onde o Eterno toca o transitório.
2. O Toque do Esquife: A Ruptura do Limite
O esquife representa o limite último da condição humana: a morte. Tocar o esquife é atravessar o território interdito, romper o espaço do impossível. Cristo, ao tocar, não se contamina com a morte; ao contrário, comunica vida. Esse toque é sinal de que não há barreira intransponível entre a criatura e o Criador. A presença divina penetra até mesmo no domínio da ausência, revelando que nada está fora do alcance da vida que procede de Deus.
3. A Interrupção do Cortejo: O Tempo Suspenso
“Os que o levavam pararam.” O cortejo da morte, que parecia inevitável, é interrompido. O tempo linear, que caminha para o fim, é suspenso pelo toque do Eterno. Nesse instante, o fluxo inexorável da história é invadido pela possibilidade de um novo começo. O gesto indica que a evolução interior do ser humano só acontece quando o fluxo automático da existência é interrompido pela intervenção da graça.
4. A Palavra Criadora: Voz que Dá Existência
“Jovem, eu te digo, levanta-te.” Aqui ressoa a mesma força do Gênesis: a Palavra que chama o nada a ser. Não se trata de sugestão, mas de imperativo criador. Aquele que ouve é restituído à vida porque a Palavra de Cristo não apenas comunica, mas gera realidade. É um chamado que ultrapassa os sentidos e toca o núcleo da identidade pessoal, fazendo o ser retomar sua vocação à liberdade.
5. O Levantar-se: Símbolo de Liberdade e Plenitude
O ato de levantar-se vai além da restauração física: é símbolo do despertar espiritual. É a passagem da condição de passividade para a consciência ativa; do cativeiro da morte para a dignidade da vida. O levantar-se é imagem da liberdade interior, quando a pessoa rompe as forças que a reduzem ao silêncio e se coloca de pé diante de Deus e do mundo.
6. A Dimensão Metafísica: O Ser Chamado à Eternidade
O versículo revela que a essência da existência humana não está encerrada na finitude. O toque e a palavra de Cristo revelam a estrutura mais profunda do ser: a abertura à eternidade. A morte, limite supremo, é atravessada pela voz criadora que convoca cada alma a permanecer no fluxo ascendente da vida. O episódio de Naim torna-se sinal de que toda criatura, em sua dignidade, está destinada à transfiguração.
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