terça-feira, 22 de julho de 2025

LITURGIA E HOMILIA DIÁRIA - Evangelho: Mateus 13:10-17 - 24.07.2025

 Liturgia Diária


24 – QUINTA-FEIRA 

16ª SEMANA DO TEMPO COMUM


(verde – ofício do dia)


Quem me protege e me ampara é meu Deus; é o Senhor quem sustenta minha vida. Quero ofertar-vos o meu sacrifício de coração e com muita alegria (Sl 53,6.8).


O Infinito se revela ao coração humano não como imposição, mas como convite à comunhão. Para que este diálogo aconteça, a consciência deve despir-se das sombras que obscurecem sua escuta interior. A purificação não é negação de si, mas afirmação da dignidade que nos torna capazes de responder ao Chamado. Celebra-se, assim, o Mistério não como rito exterior, mas como encontro vivo entre a liberdade humana e a presença divina. No ato penitencial, não há submissão cega, mas a elevação da alma que, ao reconhecer sua imperfeição, escolhe, livremente, ser morada do Verbo que renova e transfigura.



Evangelium secundum Matthaeum 13,10-17

Dominica XV per Annum – Anno A

10 Et accedentes discipuli dixerunt ei: «Quare in parabolis loqueris eis?».
E, aproximando-se os discípulos, disseram-lhe: “Por que lhes falas em parábolas?”

11 Qui respondens ait illis: «Quia vobis datum est nosse mysteria regni caelorum, illis autem non est datum.
Ele respondeu: “Porque a vós foi dado conhecer os mistérios do Reino dos Céus, mas a eles não.”

12 Qui enim habet, dabitur ei, et abundabit; qui autem non habet, et quod habet auferetur ab eo.
Pois ao que tem, será dado, e terá em abundância; mas ao que não tem, até o que tem lhe será tirado.

13 Ideo in parabolis loquor eis: quia videntes non vident et audientes non audiunt neque intellegunt.
É por isso que lhes falo em parábolas: porque vendo, não veem; e ouvindo, não ouvem nem compreendem.

14 Et adimpletur eis prophetia Isaiae, dicens:
E neles se cumpre a profecia de Isaías, que diz:

»Auditu audietis et non intellegetis
et videntes videbitis et non videbitis.
“Ouvireis com os ouvidos e não compreendereis; olhareis com os olhos e não vereis.”

15 Incrassatum est enim cor populi huius,
et auribus graviter audierunt
et oculos suos clauserunt,
nequando videant oculis et auribus audiant
et corde intellegant et convertantur,
et sanem eos.
Pois o coração deste povo se tornou insensível,
e com os ouvidos ouviram com dificuldade,
e fecharam os olhos,
para não verem com os olhos, nem ouvirem com os ouvidos,
nem entenderem com o coração,
nem se converterem, e eu os cure.

16 Vestri autem beati oculi, quia vident, et aures vestrae, quia audiunt.
Mas felizes são os vossos olhos, porque veem, e os vossos ouvidos, porque ouvem.

17 Amen quippe dico vobis: Multi prophetae et iusti concupierunt videre quae videtis et non viderunt et audire quae auditis et non audierunt.
Em verdade vos digo: muitos profetas e justos desejaram ver o que vedes e não viram, ouvir o que ouvis e não ouviram.

Reflexão:

A linguagem do Alto desce em sinais, mas é preciso sensibilidade para decifrá-los. Só a consciência desperta reconhece o invisível que se oculta no visível. A parábola não esconde, revela a quem busca. Por isso, a verdade não se impõe, mas se oferece à liberdade interior. Aqueles que veem e ouvem são os que cultivaram a escuta do Espírito dentro de si, purificando o olhar para além das formas. O Reino cresce onde há desejo autêntico por sentido. Não é privilégio, mas consequência da abertura. Ver e ouvir, então, é tornar-se participante do Mistério que tudo unifica e eleva.


Versículo mais importnte:

O versículo central e mais significativo de Evangelium secundum Matthaeum 13,10-17, especialmente sob uma leitura metafísica e espiritual voltada à liberdade interior e ao acesso à verdade, é o versículo 16, pois ele expressa a bem-aventurança de quem realmente e ouve — ou seja, de quem está desperto à revelação e aberto ao diálogo com o divino.

16 Vestri autem beati oculi, quia vident, et aures vestrae, quia audiunt.
Mas felizes são os vossos olhos, porque veem, e os vossos ouvidos, porque ouvem. (Mt 13:16)

Este versículo condensa a essência da passagem: a bem-aventurança não está na posse de verdades externas, mas na capacidade interior de perceber o que é revelado. É uma celebração da consciência desperta, da liberdade de escutar, ver e compreender — um convite à participação viva no mistério do Reino.


HOMILIA

Homilia: Os Olhos que Veem, os Ouvidos que Ouvem

Amados peregrinos do Espírito,

Neste trecho do Evangelho segundo Mateus (13,10-17), somos convidados a atravessar o véu da letra e escutar o coração do Verbo que fala em parábolas. Cristo não esconde a Verdade; Ele a oferece em camadas, como a luz que se revela lentamente ao amanhecer, respeitando o tempo interior de cada alma.

Os discípulos perguntam: “Por que lhes falas em parábolas?” E a resposta do Mestre toca as raízes do mistério da liberdade humana: “A vós foi dado conhecer os mistérios do Reino dos Céus.” Esse “dar” não é uma distribuição arbitrária, mas uma consequência da abertura interior. A parábola é o espelho do espírito: quem vive na superfície, vê apenas imagens; quem mergulha, encontra sentidos.

O Cristo fala em imagens porque a alma precisa crescer para acolher a verdade em sua inteireza. Cada coração possui um grau de maturidade espiritual, e o Verbo eterno respeita esse processo sagrado. O Reino não se impõe — ele se insinua, esperando por olhos despertos e ouvidos afinados. A revelação não viola a consciência; ela dança com ela.

Há aqueles que “vendo, não veem” — não porque lhes falte visão biológica, mas porque seus olhos interiores estão embotados pela rigidez, pela dispersão, pelo medo. Há ouvidos que escutam sons, mas não acolhem a Palavra. O coração se torna espesso, insensível ao sopro do Eterno.

Mas Jesus se volta aos discípulos e afirma: “Felizes os vossos olhos, porque veem; e os vossos ouvidos, porque ouvem.” Eis a grande bem-aventurança: o despertar da alma que reconhece o Sopro divino em meio à matéria, que acolhe o Mistério como chama interior. Não é privilégio, mas conquista de quem se abre com humildade e sede de sentido.

Neste processo, a evolução da alma se dá não por força externa, mas pela escolha constante de ouvir, de ver, de compreender. A dignidade da pessoa está no fato de ser capaz de receber o Infinito e dialogar com Ele. Somos chamados a esse encontro transformador, onde não há dominação, mas convite; não há imposição, mas comunhão.

As parábolas de Jesus não são enigmas para poucos, mas caminhos para todos. Caminhos que exigem silêncio interior, atenção amorosa e coragem para deixar-se tocar. Cada vez que um de nós vê com o olhar puro e ouve com o coração disponível, uma nova luz acende-se no mundo — e o Reino avança em nós.

Amém.


EXPLICAÇÃO TEOLÓGICA

Com alegria e reverência, apresento uma explicação teológica e metafísica do versículo Mateus 13,16“Mas felizes são os vossos olhos, porque veem, e os vossos ouvidos, porque ouvem” — estruturada em subtítulos que conduzem a uma compreensão elevada e interior do ensinamento do Cristo.

1. A Felicidade como Estado de Consciência Desperta

A bem-aventurança proclamada por Jesus neste versículo não se refere a uma emoção passageira, mas a um estado ontológico da alma que se abre ao real. "Felizes" são aqueles que transcendem os véus da aparência e alcançam a visão do essencial. A felicidade, aqui, é fruto do alinhamento entre a interioridade humana e a luz divina, sinal de que o espírito entrou em sintonia com a verdade viva do Reino. Não se trata de privilégio externo, mas de disposição interior — um eco do Reino que já pulsa no íntimo dos que veem e ouvem.

2. Os Olhos que Veem: A Visão do Invisível

Quando Jesus fala de olhos que veem, refere-se ao olhar da alma, ao sentido espiritual que penetra além das formas e reconhece a presença do Sagrado em tudo. Esses olhos não são apenas instrumentos ópticos, mas faculdades interiores de discernimento e contemplação. Ver, neste contexto, é acolher o Mistério em sua manifestação velada, perceber o Eterno no transitório, e ler o mundo como um sacramento da presença divina. Essa visão é dom e conquista: brota da graça e é cultivada pela liberdade que escolhe a luz.

3. Os Ouvidos que Ouvem: Escutar a Palavra Viva

Da mesma forma, ouvir não é apenas registrar sons, mas permitir que a Palavra entre, transforme, fecunde. Os ouvidos que Jesus celebra são aqueles que aprenderam o silêncio necessário para escutar o Sopro de Deus que fala no íntimo e nos acontecimentos. Ouvir é um gesto de abertura, de docilidade, de liberdade interior que se deixa tocar e moldar. Quem ouve com o coração, permite que a revelação o conduza à verdade de si mesmo e do mundo — e entra em comunhão com o Logos que tudo sustenta.

4. A Revelação é para os Despertos

O Cristo não esconde a Verdade: Ele a entrega na medida da abertura de cada um. A verdade não é uma carga imposta, mas um dom acolhido. Por isso, há os que veem e não veem, os que ouvem e não ouvem — não por exclusão divina, mas por fechamento voluntário ou inconsciência. A parábola anterior a este versículo (a do semeador) já mostra: a mesma semente cai em terrenos diferentes, mas só frutifica onde há disposição profunda. A revelação é dirigida a todos, mas só os despertos pela sede interior tornam-se realmente receptivos.

5. A Liberdade como Porta do Reino

Ver e ouvir são atos espirituais livres. O ser humano não é forçado a enxergar nem a escutar — ele precisa escolher ser tocado. A verdade nunca se impõe como violência, mas como convite amoroso. Essa liberdade, que define a dignidade da pessoa, é condição para a intimidade com o Verbo. A felicidade proclamada por Jesus é o fruto de um “sim” existencial, de um movimento interior que acolhe a luz e se deixa conduzir pela Palavra. É por isso que os discípulos são chamados felizes: escolheram ver, escolheram ouvir, e por isso são transformados.

6. A Felicidade que Nasce da Participação

Ver e ouvir, neste versículo, são sinônimos de participar do Mistério. A felicidade anunciada por Jesus não é a de quem observa de fora, mas a de quem se envolve no fluxo da revelação, torna-se parte do movimento criador, entra no dinamismo do Reino. É a felicidade daquele que percebe sua vida entrelaçada com a vida divina, e, por isso, deixa de apenas existir para começar a viver em plenitude, no centro do Amor que tudo sustenta. Não é um estado final, mas um processo vivo e contínuo de comunhão.

Conclusão: O Versículo como Chamado Interior

“Felizes os vossos olhos, porque veem, e os vossos ouvidos, porque ouvem” é mais que uma constatação: é um chamado à vigilância espiritual. Cada ser humano é convidado a cultivar essa visão e essa escuta que permitem reconhecer o Reino já presente no mundo e em si mesmo. Essa é a verdadeira felicidade: ser capaz de perceber, acolher e corresponder à presença viva de Deus que, silenciosamente, nos busca em cada instante.

Leia: LITURGIA DA PALAVRA

Leia também:

Primeira Leitura

Segunda Leitura

Salmo

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Santo do dia

Oração Diária

Mensagens de Fé

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