segunda-feira, 16 de junho de 2025

LITURGIA E HOMILIA DIÁRIA - Evangelho: Mateus 6:1-6.16-18 - 18.06.2025

 Liturgia Diária


18 – QUARTA-FEIRA 

11ª SEMANA DO TEMPO COMUM


(verde – ofício do dia)


Escutai, Senhor, a voz do meu apelo.

Sede meu amparo; não me rejeiteis nem me abandoneis, ó Deus, meu salvador. (Sl 27(26),7.9).


Felizes são os que, em silêncio interior, escolhem doar-se com alegria — não por dever, mas por liberdade interior. Pois dar com alegria é transbordar da fonte do ser, onde a alma reconhece que nada lhe é imposto, tudo lhe é possível. Nesse gesto, o Espírito semeia frutos invisíveis: o bem realizado sem cálculo, a bondade que nasce do amor, não do medo. Deus não impõe — convida. E àquele que responde com sinceridade, Ele amplia os caminhos, fertiliza as ações e ilumina as intenções.

“Deus ama quem dá com alegria”
— 2Coríntios 9,7



Dominica VI per Annum
Evangelium secundum Matthaeum 6, 1-6.16-18

1 Attendite, ne justitiam vestram facientes coram hominibus ostentetis
1 Tende cuidado para que a tua justiça, praticada diante dos homens, não seja ostentada,

2 ut videamini ab eis; amen dico vobis, percepturi sunt mercedem suam.
2 para não seres visto por eles; em verdade vos digo que já receberam a sua recompensa.

3 Quando autem tu facis eleemosynam, ne sciat sinistra tua quid faciat dextera tua,
3 Mas quando deres esmola, que a tua mão esquerda não saiba o que faz a direita,

4 ut sit eleemosyna tua in abscondito; et Pater tuus, qui videt in abscondito, reddet tibi.
4 para que a tua esmola fique em segredo; e teu Pai, que vê no oculto, te recompensará.

5 Cum autem oratis, nolite esse sicut hypocritae in synagogis et in angulis platearum, ut videamini ab hominibus; amen dico vobis, receperunt mercedem suam.
5 E quando orares, não sejas como os hipócritas nas sinagogas e nas esquinas das praças, para ser visto pelos homens; em verdade vos digo, já receberam a sua recompensa.

6 Tu autem cum oreris, intra in cubiculum tuum, et clauso ostio tuo ora Patrem tuum, qui in abscondito est; et Pater tuus, qui videt in abscondito, reddet tibi.
6 Mas tu, quando orares, entra no teu aposento, fecha a porta e ora a teu Pai, que está em secreto; e teu Pai, que vê no oculto, te recompensará.

16 Cum autem jejunatis, nolite fieri sicut hypocritae, tristitiae vultus eorum; amen dico vobis, receperunt mercedem suam.
16 E quando jejuardes, não vos mostreis contristados como os hipócritas; em verdade vos digo, já receberam a sua recompensa.

17 Tu autem cum jejunaveris, unge caput tuum et lava faciem tuam,
17 Mas tu, quando jejuares, unge a cabeça e lava o rosto,

18 ut ne videaris hominibus jejunare, sed Patri tuo, qui in abscondito est; et Pater tuus, qui videt in abscondito, reddet tibi.
18 para não parecer aos homens que jejuas, mas ao teu Pai, que está em secreto; e teu Pai, que vê no oculto, te recompensará.

Reflexão:
A prática generosa brota da decisão interior de agir sem imposições externas.
Cada gesto voluntário reafirma a autonomia de buscar o bem comum.
A ação sincera, sem necessidade de aplausos, fortalece o vínculo social.
A espontaneidade em contribuir reflete a confiança na própria responsabilidade.
O reconhecimento maior não vem de honrarias, mas do impacto comunitário.
Ao valorizar a dignidade individual, sem coerção, florescem iniciativas criativas.
Num tempo de pluralidade, a caridade voluntária revela a potência do livre encontro.

Assim, o verdadeiro serviço nasce do propósito autêntico de transformação.


Versículo mais importante: 

O versículo central e mais importante de Evangelium secundum Matthaeum 6,1-6.16-18, considerando o conjunto temático sobre a sinceridade interior nas práticas espirituais (esmola, oração e jejum), é o versículo 6,6. Ele expressa com clareza o convite à interioridade, ao encontro pessoal com Deus, e resume o espírito de todo o trecho:

Tu autem cum oreris, intra in cubiculum tuum, et clauso ostio tuo ora Patrem tuum, qui in abscondito est; et Pater tuus, qui videt in abscondito, reddet tibi.
Mas tu, quando orares, entra no teu quarto, fecha a porta e ora a teu Pai que está em segredo; e teu Pai, que vê no oculto, te recompensará. (Mt 6:6)

Este versículo revela que a presença divina se manifesta não na aparência, mas na profundidade silenciosa do ser.


HOMILIA

O Silêncio que Revela

O Evangelho segundo Mateus 6,1-6.16-18 nos convida a um êxodo sutil, porém decisivo: a travessia do exterior ruidoso ao interior fecundo, onde a alma se reconhece diante de seu princípio. Neste trecho, Jesus não nega o valor das obras — esmola, oração, jejum — mas redefine seu centro: o coração livre, desapegado do olhar alheio, enraizado no Mistério que vê no secreto.

Teu Pai, que vê no oculto, te recompensará” — esta promessa é também revelação: o Divino não habita no espetáculo, mas no segredo vivo do ser que desperta. Dar, orar e jejuar não são mandamentos de um dever imposto, mas expressões espontâneas de uma consciência que se alarga. Cada gesto nasce do núcleo da liberdade, onde o Espírito toca a dignidade inviolável de cada pessoa e a convida a cooperar com a construção do mundo interior.

No recolhimento silencioso da alma, nasce a obra mais alta: a transformação de si mesmo. E esta não se impõe nem se compra; é resposta. Deus não exige o gesto exterior — Ele espera a inteireza do coração. Ele não mede o volume da ação, mas o seu vínculo com a liberdade de amar.

O jejum verdadeiro não é tristeza visível, mas desapego profundo. A oração autêntica não é declamação pública, mas encontro silencioso. A esmola que tem valor eterno é aquela que se dá por compaixão livre, não por prestígio. Tudo o que é ofertado na liberdade, retorna em plenitude; tudo o que é feito como performance, já recebeu o que buscava: aparência.

Esta palavra é um chamado à evolução: não de fora para dentro, mas do íntimo ao real. É no secreto da alma que se gesta a comunhão com o Eterno. Aí, livres das máscaras, as criaturas se tornam co-criadoras, irradiando não um brilho próprio, mas a luz que as habita e transforma.

Que cada quarto fechado em oração se torne sementeira do novo mundo. E que, no silêncio do oculto, ressoe o verdadeiro nome da liberdade: o amor que não exige aplauso, porque já é plenitude.


EXPLICAÇÃO TEOLÓGICA

Explicação teológica de Mateus 6,6

“Mas tu, quando orares, entra no teu quarto, fecha a porta e ora a teu Pai que está em segredo; e teu Pai, que vê no oculto, te recompensará.”
(Mt 6,6)

Este versículo, no centro do Sermão da Montanha, revela não apenas uma instrução sobre a oração, mas uma visão profunda sobre o lugar da experiência de Deus na interioridade da pessoa humana.

1. "Mas tu, quando orares" — A responsabilidade pessoal do encontro

Jesus inicia com uma fórmula dirigida diretamente ao discípulo: “tu”. Ele destaca que a oração é um chamado pessoal, não coletivo, nem institucionalizado. A oração não é simplesmente um ritual, mas uma atitude interior que nasce da liberdade e da decisão consciente. Orar não é um ato mecânico, mas um movimento interior que implica responsabilidade e verdade diante de Deus.

2. "entra no teu quarto" — O espaço simbólico da interioridade

O “quarto” (tameîon em grego) é o cômodo mais íntimo da casa, muitas vezes o local onde se guardam os bens mais preciosos. Aqui, simboliza o centro da alma, o interior do ser, onde as aparências caem e permanece somente a essência. Teologicamente, este quarto é a própria consciência, santuário interior onde o ser humano encontra o Absoluto. Ao dizer “entra”, Jesus convida a um recolhimento que é mais que físico: é existencial, é o êxodo da superficialidade rumo ao núcleo do ser.

3. "fecha a porta" — O silêncio como condição da presença

Fechar a porta é um gesto que sela o espaço sagrado. Impede a dispersão, exclui as vozes externas, silencia os ruídos da vaidade e da comparação. O fechamento da porta é símbolo da entrega total à Presença que habita o silêncio. É um ato de liberdade, de negação ao espetáculo e de adesão à verdade do espírito.

4. "ora a teu Pai que está em segredo" — A teologia da presença invisível

Deus aqui é definido como Aquele que “está em segredo” — isto é, o Deus que habita o invisível, o silencioso, o inabitado pelos sentidos. Trata-se de uma teologia da transcendência que, paradoxalmente, se revela na imanência mais íntima. Não se trata de um Deus longínquo, mas de um Deus oculto no âmago da criatura, que se revela no relacionamento e não na ostentação.

5. "e teu Pai, que vê no oculto, te recompensará" — A justiça divina como reconhecimento do verdadeiro ser

A recompensa divina não é algo material, nem um pagamento, mas a manifestação do próprio bem que se realiza na comunhão. Deus vê no oculto, não apenas no sentido de enxergar o que está escondido, mas de reconhecer a verdade do coração. A recompensa é, portanto, a graça da comunhão, da transfiguração da alma pela presença d’Aquele que é Amor. Essa é a justa medida divina: retribuir não a aparência, mas a autenticidade da entrega.

Conclusão:

Este versículo ensina que a oração não é um mecanismo de obtenção de favores, mas o retorno da alma à sua fonte. A teologia aqui revelada é profundamente espiritual: Deus está no oculto não porque se esconde, mas porque nos chama à profundidade. A verdadeira oração não é espetáculo para os olhos, mas ato de liberdade interior. O “quarto fechado” é o símbolo da alma que se abre apenas a Deus — e é ali, onde ninguém vê, que nasce a verdadeira recompensa: a união com o Pai.

Leia: LITURGIA DA PALAVRA

Leia também:

Primeira Leitura

Segunda Leitura

Salmo

Evangelho

Santo do dia

Oração Diária

Mensagens de Fé

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