Liturgia Diária
14 – QUINTA-FEIRA
SÃO MAXIMILIANO MARIA KOLBE
PRESBÍTERO E MÁRTIR
(vermelho, pref. comum, ou dos mártires – ofício da memória)
Vinde, benditos do meu Pai, diz o Senhor. Em verdade eu vos digo que todas as vezes que fizestes isso a um dos menores de meus irmãos, foi a mim que o fizestes (Mt 25,34.40).
No silêncio que transcende o tempo, um homem escolheu não reter a própria vida, mas entregá-la por outro. Sua alma, tecida no amor à Mãe Celestial, fez-se chama que ilumina a escuridão do cativeiro. Ao trocar o próprio destino pela vida de um pai, revelou que a verdadeira grandeza nasce na liberdade interior, onde o coração não se curva ao medo, mas ao amor. A entrega absoluta torna-se ato criador, onde a fé e a dignidade se unem, proclamando que nenhuma prisão pode algemar o espírito. Que Maria, guardiã da pureza e da coragem, nos guie na plenitude da verdade.
Evangelium secundum Matthæum 18,21–19,1
De indulgentia et transitus Sermonum
18,21: Tunc accedens Petrus ad eum, dixit: Domine, quoties peccabit in me frater meus, et dimittam ei? usque septies?
Então Pedro aproximou-se dele e disse: Senhor, quantas vezes pecará contra mim meu irmão, e o perdoarei? Até sete vezes?
18,22: Dicit illi Jesus: Non dico tibi usque septies: sed usque septuagies septies.
Jesus respondeu-lhe: Não te digo até sete vezes, mas até setenta vezes sete.
18,23: Ideo assimilatum est regnum cælorum homini regi, qui voluit rationem ponere cum servis suis.
Por isso, o reino dos céus é semelhante a um rei que quis ajustar contas com seus servos.
18,24: Et cum cœpisset rationem ponere, oblatus est ei unus, qui debebat ei decem millia talenta.
Ao começar a acertar contas, foi-lhe apresentado um servo que lhe devia dez mil talentos. (Internet
18,25: Cum autem non haberet unde redderet, jussit eum dominus ejus venundari, et uxorem ejus, et filios, et omnia quæ habebat, et reddi.
Ele, não tendo como pagar, mandou o seu senhor que ele, sua mulher, seus filhos e tudo o que tinha fossem vendidos para pagar.
18,26: Procidens autem servus ille, orabat eum, dicens: Patientiam habe in me, et omnia reddam tibi.
Então aquele servo, prostrando-se, suplicava: “Tem paciência comigo, e tudo te restituirei.”
19,1: Et factum est, cum consummasset Jesus sermones istos, migravit a Galilæa, et venit in fines Judææ trans Jordanem.
E aconteceu que, quando Jesus terminou esses dizeres, partiu da Galileia e veio às extremidades da Judeia, além do Jordão.
Reflexão:
A graça vertida por esse perdão ilimitado ecoa como um chamado à responsabilidade individual diante do outro: cada ato de perdão reforça a rede de confiança que habilita conviver em liberdade profunda. A narrativa configura um ambiente onde a força da própria consciência atua como agente de restauração social, não restrita ao poder externo. A evolução moral emerge não por imposição, mas por escolha consciente e solidária. A viagem além do Jordan representa a travessia da experiência humana para uma esfera onde autonomia e compaixão caminham lado a lado. A retribuição não é obrigação coerciva, mas liberdade que nasce ao reconhecer no outro sua igual dignidade.
Versículo mais importante:
Para muitos intérpretes, o versículo mais importante desse trecho é Mateus 18,22, pois concentra o núcleo da mensagem de Jesus sobre a extensão ilimitada do perdão.
18,22: Dicit illi Jesus: Non dico tibi usque septies: sed usque septuagies septies.
Jesus respondeu-lhe: Não te digo até sete vezes, mas até setenta vezes sete.(Mt 18:22)
HOMILIA
O Caminho da Liberdade que Perdoa
O diálogo entre Pedro e o Mestre, nas margens silenciosas da Galileia, revela mais que um ensinamento moral: é a abertura de um horizonte onde a alma humana se reconhece capaz de transcender suas limitações. O perdão, elevado à medida de setenta vezes sete, não é cálculo, mas estado de ser; não se mede pela contabilidade dos erros, mas pela amplidão do espírito que se liberta da prisão das ofensas.
No servo que suplica paciência, vemos o reflexo de nossa própria fragilidade e a súplica silenciosa que todos fazemos diante do Infinito. No senhor que perdoa, vislumbramos a força criadora que restaura, não por necessidade, mas por decisão livre de amar.
Quando o texto diz que Jesus “passou para além do Jordão”, abre-se uma metáfora do salto interior: cruzar as águas do hábito e do ressentimento para a margem onde a dignidade do outro se torna tão inviolável quanto a própria. Essa travessia não se impõe de fora, nasce no íntimo que compreende que perdoar não diminui, mas amplia; não subjuga, mas emancipa.
O Reino anunciado não se constrói apenas com leis ou ritos, mas com consciências que escolheram ser livres para amar e fortes para restaurar. Cada ato de perdão é um passo nessa evolução, uma semente que, plantada no coração humano, cresce em direção à luz sem fim.
EXPLICAÇÃO TEOLÓGICA
Segue uma abordagem teológica e metafísica profunda sobre Mateus 18:22, estruturada em subtítulos para clareza e progressão de pensamento.
1. A Linguagem do Infinito
Quando Jesus diz a Pedro “Não te digo até sete vezes, mas até setenta vezes sete”, não apresenta uma fórmula matemática, mas um símbolo do ilimitado. O número, multiplicado sobre si mesmo, dissolve a medida e abre o horizonte do infinito. O perdão deixa de ser ato pontual para se tornar estado permanente do ser, revelando que a alma que ama não contabiliza, mas flui continuamente.
2. Perdão como Estado Ontológico
Teologicamente, o perdão aqui não é mera ação ética, mas expressão da própria natureza de Deus em nós. O discípulo é convidado a participar desse modo de existir divino, onde o amor não se esgota. A medida desmedida expressa que a graça não é um recurso finito, mas fonte eterna que jorra de quem está unido ao Criador.
3. A Libertação Interior do Julgo da Ofensa
No plano metafísico, perdoar ilimitadamente significa romper a cadeia que liga o ser à densidade do ressentimento. Cada não-perdão é uma prisão invisível, e cada ato de perdão é um rompimento das grades que a mente ergue. Jesus propõe uma libertação que começa dentro e irradia para fora, transformando a própria percepção do outro.
4. Evolução Espiritual e Expansão de Consciência
Este ensinamento revela que a evolução da alma não ocorre pela acumulação de saberes, mas pela dilatação da capacidade de amar. O perdão constante amplia o espaço interior, fazendo com que o indivíduo deixe de reagir a partir da ferida e passe a agir a partir da plenitude. Aqui, a dignidade humana é elevada, pois o ser se torna senhor de si, e não escravo das emoções passageiras.
5. A União entre Liberdade e Amor
Perdoar sem limites não é submissão ao erro do outro, mas escolha livre de manter a integridade do próprio espírito. O perdão é, assim, exercício supremo de liberdade: a decisão de não permitir que a sombra do outro governe a própria luz. Nesse ponto, dignidade e amor se encontram, pois a alma que perdoa permanece inteira e soberana.
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