quinta-feira, 24 de julho de 2025

LITURGIA E HOMILIA DIÁRIA - Evangelho: Mateus 13:16-17 - 26.07.2025

Liturgia Diária


26 – SÁBADO 

SANTOS JOAQUIM E ANA


PAIS DA BEM-AVENTURADA VIRGEM MARIA


(branco, pref. comum, ou dos santos – ofício da memória)


Festejemos São Joaquim e Sant’Ana, pais da Virgem Maria, pois Deus lhes concedeu a bênção de todas as nações.


No entrelaçar das gerações, Joaquim e Ana representam o mistério da transmissão invisível da dignidade e da liberdade. Eles são raízes silenciosas que sustentam o fruto eterno — Maria, vaso da Promessa. Na honra aos anciãos, revela-se um princípio sutil: o valor inalienável da pessoa não reside em sua utilidade, mas em sua existência. Celebrar os avós é contemplar a fonte do ser, onde o tempo se curva diante da sabedoria. Eles guardam a memória viva da humanidade, e ao reconhecê-los, reafirmamos que toda vida, em sua singularidade, é portadora de luz e merece respeito, escuta e liberdade interior.



Evangelium secundum Matthaeum 
13,16-17
Feria Quinta – XVII Hebdomada per Annum

  1. Beati autem oculi vestri quia vident, et aures vestræ quia audiunt.

Felizes, porém, os vossos olhos porque veem, e os vossos ouvidos porque ouvem.

  1. Amen quippe dico vobis quia multi prophetæ et iusti cupierunt videre quæ videtis, et non viderunt, et audire quæ auditis, et non audierunt.

Em verdade vos digo: muitos profetas e justos desejaram ver o que vedes, e não viram, e ouvir o que ouvis, e não ouviram.

Reflexão:

A visão e a escuta que libertam não são meras funções sensoriais, mas dons de consciência desperta. Quem vê a verdade presente nas pequenas realidades toca o eterno em ato. Cada pessoa é um centro de percepção única e insubstituível, convocada a participar do sentido que move o mundo para diante. Não há privilégio que se sobreponha à dignidade de quem reconhece, com liberdade interior, o valor do instante revelado. A história não se realiza fora de nós, mas por meio da nossa presença desperta. Assim, viver é cooperar com a luz que deseja se tornar visível no humano.


Versículo mais importante:

O versículo mais importante de Evangelium secundum Matthaeum 13,16-17 é o versículo 16, pois ele proclama a bem-aventurança do reconhecimento espiritual — uma visão interior que distingue o presente como manifestação da graça.

Mt 13,16
Beati autem oculi vestri quia vident, et aures vestrae quia audiunt.

Felizes, porém, os vossos olhos porque veem, e os vossos ouvidos porque ouvem.(Mt 13:16)

Este versículo destaca a dignidade de quem acolhe a verdade com liberdade interior, percebendo na realidade concreta a presença do eterno.


HOMILIA

A Aurora da Consciência no Humano

Beati autem oculi vestri quia vident, et aures vestrae quia audiunt.
(Mt 13,16)

Há um momento em que os olhos deixam de ser apenas órgãos e se tornam portais. Um instante em que o ouvir ultrapassa o som e toca o verbo vivo que vibra por trás do mundo visível. O Cristo pronuncia uma bem-aventurança que não está voltada ao mérito, mas à abertura — não ao privilégio, mas à disposição interior. Felizes os olhos que veem. Porque há olhos que olham e não percebem. Há ouvidos que escutam e não recebem. A verdadeira visão é comunhão com o sentido oculto das coisas, e a verdadeira escuta é resposta à Voz que se insinua no íntimo da criação.

Nesse evangelho, Jesus revela o limiar onde começa a verdadeira evolução da alma. Ele aponta para o florescer da consciência, esse sagrado despertar que não se impõe de fora, mas se acende de dentro. Não é o mundo que muda, mas é o ser humano que se ergue à altura daquilo que sempre esteve presente. A luz já estava no mundo, mas nem todos a viam; o Verbo já soava, mas nem todos o ouviam.

Ver e ouvir, aqui, são expressões do ser livre que se reconhece como participante do mistério. O espírito humano, ao se abrir à revelação, não abandona sua singularidade: ele a descobre como reflexo da Origem. Cada olhar que vê com verdade é uma centelha do Fogo que tudo sustenta. Cada escuta atenta é uma aliança com o sopro que anima o cosmos. Nesse encontro com o que sempre foi — mas que agora é reconhecido — o humano se engrandece sem se exaltar, pois descobre que sua dignidade consiste em participar da Luz, e não em possuí-la.

Aqueles que vieram antes desejaram ver e ouvir o que agora se revela. Isso nos fala da continuidade do anseio que atravessa os séculos: o desejo de sentido, a sede de verdade, o impulso da alma para além do visível. Hoje, esta possibilidade nos alcança. Não por um cálculo histórico, mas por uma maturação interior. Ver e ouvir, neste Evangelho, são sinais de um nascimento mais profundo — o nascimento da consciência espiritual.

E quando tal consciência desponta, toda realidade se transfigura: o instante deixa de ser banal, a existência já não é acidental, e o outro já não é ameaça, mas espelho. O mundo, então, já não é um palco, mas um altar.
E viver se torna, enfim, uma resposta silenciosa ao Eterno que sussurra:
Felizes os olhos que veem.


EXPLICAÇÃO TEOLÓGICA

Explicação teológica e metafísica profunda do versículo Mateus 13,16 — “Felizes, porém, os vossos olhos porque veem, e os vossos ouvidos porque ouvem”, estruturada com subtítulos para facilitar o aprofundamento do sentido espiritual, mantendo a linguagem elevada e contemplativa.

1. O Verbo Revelado e a Consciência Desperta

A palavra de Cristo é sempre viva, e neste versículo, Ele não enuncia uma informação, mas revela um estado do ser: felizes são aqueles que veem e ouvem. Não se trata de uma função sensorial apenas, mas de uma condição ontológica: ver é compreender e ouvir é acolher. Os olhos e ouvidos referem-se à consciência desperta, à interioridade que se abriu à Presença que transborda no real. Ver e ouvir, aqui, indicam um novo nascimento no Espírito — o ser humano que, tendo passado da dispersão para o centro, começa a perceber o mundo com os olhos do coração.

2. Bem-aventurança como Reconhecimento Espiritual

Jesus pronuncia uma bem-aventurança, mas distinta das outras: esta não se refere a uma ação futura ou a uma recompensa prometida, mas a um estado atual de plenitude. O verbo está no presente: felizes são. O reconhecimento da verdade — a abertura para a realidade espiritual que sustenta todas as coisas — já é, por si, bem-aventurança. A felicidade, então, não é algo que nos será dado, mas algo que brota quando nossa percepção se harmoniza com a verdade profunda do ser.

3. A Visão Interior: a Luz que Ilumina a Realidade

A visão espiritual de que Jesus fala é o despertar para o invisível que permeia o visível. É uma iluminação interior, onde o mundo já não é mais apenas um conjunto de coisas, mas um sacramento contínuo. Quem vê, reconhece no instante a eternidade, e nas criaturas, um reflexo da Fonte. Tal visão não é fabricada pelo intelecto, mas concedida pela Graça à alma que se esvaziou de si para receber o Todo. É a luz verdadeira que, vindo ao mundo, ilumina todo homem (Jo 1,9) — e que agora encontra olhos preparados.

4. A Escuta Autêntica: Aliança com o Verbo Vivo

Ouvir é mais do que captar sons — é deixar-se atravessar pela Palavra. A escuta verdadeira é uma forma de comunhão. Ela acontece quando o ego silencia e o ser se torna morada. Quando Jesus diz que os ouvidos são felizes porque ouvem, Ele revela que há um tipo de escuta que é oração — aquela que recebe o Verbo e o deixa frutificar. Ouvir o Verbo é permitir que a Criação nos fale, que a Presença nos molde, que a Verdade nos toque sem defesa.

5. O Caminho do Interior para o Universal

Aqueles que veem e ouvem entram num caminho onde a realidade deixa de ser fragmentada. Tudo passa a convergir, silenciosamente, para um Centro. A alma desperta não se isola, mas se eleva com o mundo — ela compreende que a liberdade é a capacidade de consentir com o sentido profundo do ser. A dignidade da pessoa, nesse horizonte, reside em ser um ponto consciente do Universo, onde o divino pode se revelar. O humano torna-se, assim, partícipe da obra do Eterno.

6. Conclusão: A Felicidade como Participação na Verdade

Esta bem-aventurança é, portanto, o reconhecimento da presença do Reino já atuante na interioridade daquele que vê e ouve. Ver é contemplar o sentido. Ouvir é responder ao chamado. O que outrora foi buscado por profetas e justos — a revelação íntima da presença divina — agora se revela ao coração que se abre. A felicidade não é uma recompensa externa, mas a vibração da alma que se alinha com a Verdade.

E no silêncio desses olhos e ouvidos bem-aventurados, a Criação ressoa como um cântico eterno:
"Felizes os que veem. Felizes os que ouvem."
Pois já caminham na luz do que sempre foi.

Leia: LITURGIA DA PALAVRA

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