sábado, 7 de junho de 2025

LITURGIA E HOMILIA DIÁRIA - Evangelho: João 19:25-34 - 09.06.2026

Liturgia Diária


9 – SEGUNDA-FEIRA 

BEM-AVENTURADA VIRGEM MARIA, MÃE DA IGREJA


(branco, pref. próprio – ofício da memória)


“Todos eles perseveravam unânimes na oração, juntamente com algumas mulheres, entre as quais Maria, mãe de Jesus, e com os irmãos dele.” (At 1,14).


Maria, presença silenciosa e livre, habita o coração da comunidade como semente de unidade e consciência. Aos pés da Cruz, foi acolhida por João — gesto que inaugura a verdadeira fraternidade espiritual: não por imposição, mas por escolha amorosa. Em seu exemplo, vemos a alma que escuta, pondera e age conforme a luz interior. Ela não domina, mas inspira; não constrange, mas guia. Assim, a Igreja que nasce do Espírito é feita de corações que se deixam habitar pela Verdade e pela Liberdade. E realizar a vontade do Senhor é viver em coerência com o dom sagrado da consciência desperta.



Evangelium secundum Ioannem 19,25–34

Festa Sub Cruce Domini

25 Stabant autem iuxta crucem Iesu mater eius, et soror matris eius, Maria Cleophae, et Maria Magdalene.
25 Estavam junto à cruz de Jesus sua mãe, a irmã de sua mãe, Maria de Cléofas, e Maria Madalena.

26 Cum vidisset ergo Iesus matrem, et discipulum stantem, quem diligebat, dicit matri suae: Mulier, ecce filius tuus.
26 Quando Jesus viu sua mãe e, ao lado dela, o discípulo que ele amava, disse à mãe: Mulher, eis o teu filho.

27 Deinde dicit discipulo: Ecce mater tua. Et ex illa hora accepit eam discipulus in sua.
27 Depois disse ao discípulo: Eis a tua mãe. E a partir daquela hora, o discípulo a recebeu em sua casa.

28 Postea sciens Iesus quia iam omnia consummata sunt, ut consummaretur Scriptura, dicit: Sitio.
28 Depois disso, sabendo Jesus que tudo estava consumado, para que se cumprisse a Escritura, disse: Tenho sede.

29 Vas ergo positum erat aceto plenum; illi autem spongiam plenam aceto, hyssopo circumponentes, obtulerunt ori eius.
29 Havia ali um vaso cheio de vinagre; então, colocaram uma esponja embebida em vinagre em um ramo de hissopo e a levaram à boca de Jesus.

30 Cum ergo accepisset Iesus acetum, dixit: Consummatum est. Et inclinato capite tradidit spiritum.
30 Quando Jesus tomou o vinagre, disse: Está consumado. E, inclinando a cabeça, entregou o espírito.

31 Iudaei ergo, quoniam Parasceve erat, ut non remanerent in cruce corpora sabbato — erat enim magnus dies ille sabbati — rogaverunt Pilatum, ut frangerentur eorum crura et tollerentur.
31 Então os judeus, como era o dia da Preparação, para que os corpos não ficassem na cruz durante o sábado — pois aquele sábado era um dia solene — pediram a Pilatos que lhes quebrassem as pernas e fossem retirados.

32 Venerunt ergo milites et primi quidem fregerunt crura et alterius, qui crucifixus est cum eo;
32 Vieram, pois, os soldados e quebraram as pernas do primeiro e do outro que com ele estavam crucificados.

33 ad Iesum autem cum venissent, ut viderunt eum iam mortuum, non fregerunt eius crura,
33 Mas, chegando a Jesus, como o viram já morto, não lhe quebraram as pernas.

34 sed unus militum lancea latus eius aperuit, et continuo exivit sanguis et aqua.
34 Contudo, um dos soldados perfurou-lhe o lado com uma lança, e imediatamente saiu sangue e água.

Reflexão:

No silêncio do Calvário, a entrega de Jesus revela a potência da liberdade interior: uma escolha consciente de amor que transcende a dor. Maria, ao pé da cruz, representa a coragem de acolher o novo, mesmo em meio à perda. O discípulo amado, ao recebê-la como mãe, simboliza a abertura ao outro, à comunidade que se forma na partilha do sofrimento e da esperança. O sangue e a água que jorram do lado aberto de Cristo são sinais de uma nova criação, onde a dignidade humana é restaurada. Nesse encontro entre o divino e o humano, somos convidados a viver com autenticidade, responsabilidade e compaixão, construindo uma sociedade onde a liberdade é vivida em comunhão e o amor é a força que transforma o mundo.


Versículo mais importante:

João 19,30 – Vulgata:

Cum ergo accepisset Iesus acetum, dixit: Consummatum est. Et inclinato capite tradidit spiritum.

Quando Jesus tomou o vinagre, disse: Está consumado. E, inclinando a cabeça, entregou o espírito.

Este versículo marca o ápice da missão de Cristo: a consumação do plano divino de redenção. A expressão "Consummatum est" (Está consumado) resume a entrega total, a obediência perfeita e o cumprimento da vontade do Pai, unindo tempo e eternidade no ato redentor da cruz. Ele representa a vitória do Amor que se dá plenamente, selando a nova aliança entre Deus e a humanidade.


HOMILIA

O Coração Aberto do Mundo

Cum ergo accepisset Iesus acetum, dixit: Consummatum est. Et inclinato capite tradidit spiritum.
“Quando Jesus tomou o vinagre, disse: Está consumado. E, inclinando a cabeça, entregou o espírito.” (Jo 19,30)

Ao pé da cruz, não há discurso — há presença. Maria permanece, não como quem assiste, mas como quem participa do mistério. João está ali, como filho entregue e receptor de uma nova filiação espiritual. A cena não é apenas histórica: é fundadora de um novo centro de convergência para toda a Criação.

Naquele instante em que o lado de Cristo é transpassado, não se abre apenas o corpo, mas o centro latente de toda a realidade. Do coração atravessado jorram sangue e água — signos visíveis de uma fonte invisível: a vida que se entrega, o amor que se consuma, a liberdade que se realiza não na negação da dor, mas na sua transfiguração.

A cruz não é fracasso, mas cume. É o ponto em que a Vontade divina toca o limite humano e o transpassa com Luz. Ali, a liberdade encontra sua forma mais alta: doar-se por inteiro, por amor. Não se trata de submissão passiva, mas de adesão ativa àquilo que há de mais profundo — a dinâmica do Espírito que tudo faz convergir, não por força, mas por atração.

O Espírito que Cristo entrega é o mesmo que habita toda vida em crescimento, toda alma em busca de sentido, toda consciência que se abre ao Bem. A partir da cruz, o mundo não é mais um aglomerado de seres isolados, mas um corpo em gestação de unidade. Um organismo espiritual começa a pulsar, cujo centro não está em um trono de poder, mas em um coração ferido que ama.

Neste centro revelado, todo ser encontra sua dignidade: não porque é útil ou forte, mas porque é chamado a participar da própria vida divina. A missão que nasce da cruz é silenciosa: transformar o mundo por dentro, até que todas as coisas ressoem em uníssono com o Espírito que ali foi entregue.

A liberdade não é ruptura, mas harmonia. A alma que contempla o Cristo transpassado descobre que amar é tornar-se fonte, é deixar-se romper para fecundar. E essa entrega, longe de nos anular, nos amplia. É na união entre liberdade e entrega que se forja o ser pleno.

EXPLICAÇÃO TEOLÓGICA

João 19,30 — Teologia do Último Sopro

"Quando Jesus tomou o vinagre, disse: Está consumado. E, inclinando a cabeça, entregou o espírito."
(Jo 19,30)

Este versículo condensa, em um único gesto e em poucas palavras, o ápice do mistério cristão: a consumação da missão do Verbo encarnado, o cumprimento das Escrituras, e a revelação mais profunda da natureza de Deus como Amor que se doa.

1. “Quando Jesus tomou o vinagre...”

O vinagre aqui não é mero detalhe físico ou acidental. Ele evoca o cumprimento da profecia do Salmo 69,22: “Deram-me fel por alimento e na minha sede me deram vinagre para beber.” É um gesto que sela a identificação de Jesus com a humanidade em sua amargura, sede e limite. O vinagre representa a plenitude do sofrimento humano que Ele não recusa, mas assume — até o fim.

2. “Disse: Está consumado.”

A expressão grega usada é “Tetélestai” (τετέλεσται), um termo técnico que também pode significar: "está cumprido", "está finalizado", "foi plenamente realizado". É uma declaração de plenitude, não de derrota.
Jesus proclama que tudo quanto lhe foi confiado pelo Pai — a revelação do Amor, a obediência perfeita, a redenção do mundo — está agora completa. A Cruz, que aos olhos humanos parece escândalo, torna-se trono de glória. A economia da salvação atinge seu clímax: o Cordeiro foi imolado, o véu será rasgado, e uma nova criação começa a emergir.

3. “E, inclinando a cabeça, entregou o espírito.”

O detalhe da inclinação da cabeça antes de morrer é único e carregado de significado. Em geral, a morte se impõe ao corpo, que então relaxa e desaba. Aqui, Cristo entrega a vida com soberania, inclina a cabeça voluntariamente, como quem repousa no seio do Pai. Não é a morte que o vence — é Ele que, ao consumar a missão, entrega o Espírito.

O verbo grego pode ser traduzido por “entregar”, mas o sentido teológico é também o de doação. Ele entrega o espírito:
– ao Pai (como quem retorna à Fonte),
– à humanidade (como quem transmite o dom do Espírito),
– e à nova Igreja nascente (como quem funda, com o último sopro, o Corpo espiritual que viverá da mesma entrega).

Síntese Teológica

Este versículo revela o núcleo do cristianismo:
Cristo, o Verbo feito carne, cumpre até o fim sua missão de amor obediente, assumindo toda dor humana e redimindo-a por dentro. Ao proclamar “Está consumado”, Ele revela que não falta mais nada. Tudo o que precisava ser feito foi feito — não por obrigação, mas por amor.
Ao entregar o espírito, Ele se torna semente viva plantada no coração da humanidade, de onde brotará o fruto do Espírito, a liberdade interior, e a transfiguração da criação inteira.

Leia também: LITURGIA DA PALAVRA

Leia também:

Primeira Leitura

Segunda Leitura

Salmo

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Santo do dia

Oração Diária

Mensagens de Fé

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