terça-feira, 3 de junho de 2025

LITURGIA E HOMILIA DIÁRIA - Evangelho: João 17:20-26 - 05.06.2025

  Liturgia Diária


5 – QUINTA-FEIRA 

SÃO BONIFÁCIO, BISPO E MÁRTIR


(vermelho, pref. dos mártires – ofício da memória)


"Os justos resplandecerão como o sol no Reino de seu Pai" (Mt 13,43)


Na pressa de julgar o espírito livre, muitos se contradizem, pois não compreendem a força que transcende as instituições: a consciência guiada pelo Eterno. O missionário de Cristo não busca agradar poderes, mas revelar a verdade que une, mesmo entre vozes discordantes. A verdadeira ordem nasce da escuta interior e do sopro da liberdade espiritual. Que nos inspire São Bonifácio, cuja coragem sinodal não impôs, mas estruturou comunhão. Que o Espírito da unidade vença o ruído das imposições. Celebrar é reunir, e reunir é reconhecer que cada alma carrega um fogo único, inseparável da dignidade de pensar, agir e crer.



Evangelium: Ioannis 17,20-26

Ut omnes unum sint

  1. Non pro eis autem rogo tantum, sed et pro eis qui credituri sunt per verbum eorum in me:
    Não rogo somente por estes, mas também por aqueles que hão de crer em mim por meio da palavra deles.

  2. Ut omnes unum sint, sicut tu, Pater, in me et ego in te: ut et ipsi in nobis unum sint: ut credat mundus quia tu me misisti.
    Que todos sejam um, assim como tu, Pai, estás em mim e eu em ti; que também eles estejam em nós, para que o mundo creia que tu me enviaste.

  3. Et ego claritatem quam dedisti mihi dedi eis: ut sint unum, sicut et nos unum sumus.
    Eu lhes dei a glória que me deste, para que sejam um, como nós somos um.

  4. Ego in eis, et tu in me: ut sint consummati in unum: et cognoscat mundus quia tu me misisti, et dilexisti eos, sicut et me dilexisti.
    Eu neles, e tu em mim, para que sejam levados à perfeição na unidade, e para que o mundo reconheça que tu me enviaste e que os amaste como me amaste.

  5. Pater, quos dedisti mihi, volo ut ubi sum ego, et illi sint mecum: ut videant claritatem meam, quam dedisti mihi: quia dilexisti me ante constitutionem mundi.
    Pai, quero que aqueles que me deste estejam comigo onde eu estiver, para que vejam a minha glória, que me deste, porque me amaste antes da criação do mundo.

  6. Pater iuste, mundus te non cognovit, ego autem te cognovi: et hi cognoverunt quia tu me misisti.
    Pai justo, o mundo não te conheceu, mas eu te conheci; e estes reconheceram que tu me enviaste.

  7. Et notum feci eis nomen tuum, et notum faciam: ut dilectio qua dilexisti me, in ipsis sit, et ego in ipsis.
    Eu lhes dei a conhecer o teu nome, e continuarei a dá-lo a conhecer, para que o amor com que me amaste esteja neles, e eu neles.

Reflexão:

A unidade que Cristo anuncia não é fusão nem submissão, mas convergência das liberdades no centro do Amor. Cada ser, portador de uma centelha única, é chamado à comunhão sem anular sua identidade. A glória dada aos homens é a capacidade de espelhar o Infinito no tempo, tornando-se expressão viva do divino. Nesta visão, a liberdade não se opõe à ordem, mas a realiza plenamente na diversidade reconciliada. O mundo conhecerá a verdade não por coerção, mas por atração: quando os seres forem um no amor, mantendo o brilho singular de suas almas. Nessa harmonia, o Espírito encontra morada.


Versículo mais importante:

Ioannis 17,21
Ut omnes unum sint, sicut tu, Pater, in me et ego in te: ut et ipsi in nobis unum sint: ut credat mundus quia tu me misisti.
Que todos sejam um, assim como tu, Pai, estás em mim e eu em ti; que também eles estejam em nós, para que o mundo creia que tu me enviaste.

Este versículo manifesta a união como princípio espiritual, não como uniformidade, mas como comunhão livre, criadora e participativa da glória divina. É o chamado à convergência das consciências no Amor.


HOMILIA

O Fulgor da Unidade que Vem do Alto

Amados,

Há um ponto no tempo em que todas as palavras cessam, e resta apenas um sussurro: "Ut omnes unum sint." Que todos sejam um. Não como pedra que se desfaz no rio, perdendo-se, mas como centelhas distintas que, unidas, acendem uma só chama. Esta é a oração do Cristo — não uma súplica a um poder exterior, mas a revelação de um princípio que opera desde o princípio: a comunhão que respeita a diferença, a unidade que exalta a liberdade, a ordem que nasce do amor e não da imposição.

Cristo não ora por um rebanho uniforme, mas por consciências que, livres e iluminadas, saibam reconhecer-se no outro sem negar-se a si mesmas. A unidade do Pai e do Filho é um espelho do destino humano: não sermos cópias uns dos outros, mas expressões distintas de um mesmo centro — o Amor que sustenta tudo o que existe. Quando Ele diz: "Eu neles, e tu em mim" (v. 23), vemos o eixo silencioso que liga cada ser à Fonte, não como súditos, mas como co-participantes da criação, chamados a construir, não por imposição, mas por atração.

Vivemos entre polaridades, opiniões, formas, e todas clamam por sentido. Mas só há sentido quando se vê o outro como extensão do Mistério que nos habita. A verdadeira transformação do mundo não virá do silenciar das vozes, mas do afinar das consciências, até que juntas cantem em harmonia a liberdade comum que nasce do Amor. Pois a liberdade, separada do vínculo interior, se dispersa; e a ordem, sem respeito à singularidade, se corrompe.

A glória que Cristo nos dá não é um prêmio futuro, mas a possibilidade real de sermos co-criadores de um mundo onde a diversidade não fere, mas revela. Ele deseja que vejamos sua glória — “a que me deste porque me amaste antes da fundação do mundo” (v. 24) —, pois essa glória é o brilho do amor que precede toda forma, e que todas as formas podem manifestar.

Portanto, a oração de Jesus é mais que um pedido; é uma convocação interior, uma ascese da consciência. Cada gesto, cada escolha, cada encontro é uma chance de cumprir essa unidade viva, não fabricada, mas despertada no íntimo. Não há tarefa maior.

E então, como Ele mesmo conclui:
“Eu lhes dei a conhecer o teu nome... para que o amor com que me amaste esteja neles, e eu neles” (v. 26).

Aqui está o fim e o início de todas as coisas: sermos portadores do Amor que nos gerou.

Amém.


EXPLICAÇÃO TEOLÓGICA

Explicação Teológica Profunda de João 17,21
"Que todos sejam um, assim como tu, Pai, estás em mim e eu em ti; que também eles estejam em nós, para que o mundo creia que tu me enviaste."

Este versículo é o coração da oração sacerdotal de Cristo — uma súplica que revela, em profundidade, o mistério trinitário e o chamado escatológico da humanidade à comunhão no amor divino.

1. "Que todos sejam um" — A Unidade como vocação ontológica

A expressão "que todos sejam um" não se refere a uma fusão de identidades ou a uma uniformidade institucional, mas a uma unidade de comunhão interior, fundada na liberdade e no amor. Trata-se de uma unidade que nasce da participação no próprio ser de Deus, e não de estruturas humanas. É uma vocação ontológica: o ser humano é chamado, em sua essência, a viver em relação, espelhando a pericórese trinitária — a mútua interioridade sem confusão entre o Pai, o Filho e o Espírito Santo.

2. "Assim como tu, Pai, estás em mim e eu em ti" — Revelação da Trindade como modelo

Aqui Jesus revela o modelo supremo dessa unidade: a relação entre o Pai e o Filho. Esta relação é eterna, recíproca, dinâmica e amorosa. A expressão "estar em" indica uma mútua inabitação: o Pai vive no Filho e o Filho no Pai, não como dois entes separados que colaboram, mas como uma única essência em comunhão perfeita. Cristo propõe que essa mesma relação — de entrega, reconhecimento e transparência — seja a forma da relação entre os seres humanos e entre estes e Deus.

3. "Que também eles estejam em nós" — Participação na vida divina

A oração de Jesus almeja que os discípulos não apenas se unam entre si, mas que sejam introduzidos na própria comunhão trinitária. Isso é mais do que imitação; é participação. A teologia da graça ensina que, por meio da fé, do amor e dos sacramentos, o ser humano é divinizado — não por natureza, mas por adoção. Assim, estar "em Deus" significa viver no fluxo da vida trinitária, onde cada pessoa humana é chamada a refletir, em liberdade e verdade, o Amor originário que a gera e sustenta.

4. "Para que o mundo creia que tu me enviaste" — A unidade como testemunho escatológico

A unidade dos discípulos não é apenas um bem eclesial, mas um sinal escatológico para o mundo. Ela torna visível, ao olhar do mundo, a autenticidade do envio do Filho. Em outras palavras, a credibilidade da missão de Cristo está vinculada à realização da unidade espiritual entre os seus. O mundo crê não apenas por palavras ou milagres, mas pela experiência viva de uma comunhão que transcende o ego e as divisões — uma comunhão que só pode ter origem na Fonte absoluta: Deus.

Conclusão

João 17,21 é ao mesmo tempo teologia e profecia. Ele revela a estrutura interna de Deus como relação de amor e convida a humanidade a participar dessa dança divina. A unidade proposta não é sociológica nem moral apenas; é mística, ontológica e escatológica. É o caminho pelo qual a humanidade encontra seu sentido mais alto: ser, livremente, em Deus e com Deus — em comunhão viva com todos os seres.

Leia também: LITURGIA DA PALAVRA

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Primeira Leitura

Segunda Leitura

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