quarta-feira, 11 de junho de 2025

LITURGIA E HOMILIA DIÁRIA - Evangelho: Mateus 5:27-32 - 13.06.2025

 Liturgia Diária


13 – SEXTA-FEIRA 

SANTO ANTÔNIO DE PÁDUA


PRESBÍTERO E DOUTOR DA IGREJA


(branco, pref. comum, ou dos doutores – ofício da memória)


O justo tem nos lábios o que é sábio, sua língua tem palavras de justiça; traz a Aliança do seu Deus no coração, e seus passos não vacilam no caminho. (Sl 36(37),30s).


Celebremos a dádiva da existência com reverente humildade e profunda gratidão. Humildade, porque, sendo frágeis como vasos de barro, portamos em nosso íntimo a centelha do infinito — a fé que nos eleva acima de nossa condição finita. Gratidão, porque, mesmo na imperfeição, somos chamados à renovação contínua do ser, ressuscitando em espírito a cada escolha livre e luminosa. Assim viveu aquele que, ouvindo a Voz interior, entregou seus dons à transcendência e ao bem comum. Toda liberdade verdadeira brota da escuta sincera e da ação que honra a dignidade do outro — fundamento invisível da ordem justa.



Evangelium secundum Matthaeum

Caput V, versus 27–32

27 Audistis quia dictum est antiquis: Non moechaberis.
Vocês ouviram que foi dito aos antigos: “Não cometerás adultério.”

28 Ego autem dico vobis: quia omnis qui viderit mulierem ad concupiscendum eam, jam moechatus est eam in corde suo.
Eu porém vos digo: que todo aquele que olhar para uma mulher com intenção impura, já adulterou com ela em seu coração.

29 Quod si oculus tuus dexter scandalizat te, erue eum, et projice abs te: expedit enim tibi ut pereat unum membrorum tuorum, quam totum corpus tuum mittatur in gehennam.
Ora, se teu olho direito te escandaliza, arranca-o e lança-o de ti; convém que se perca um dos membros teus, e não seja todo o teu corpo lançado no inferno.

30 Et si dextra manus tua scandalizat te, abscide eam, et projice abs te: expedit enim tibi ut pereat unum membrorum tuorum, quam totum corpus tuum eat in gehennam.
Se tua mão direita te escandaliza, corta-a e lança-a de ti; convém que se perca um dos teus membros, e não todo o teu corpo seja lançado no inferno.

31 Dictum est autem: Quicumque dimiserit uxorem suam, det ei libellum repudii.
Também foi dito: “Quem repudiar sua esposa, que lhe dê carta de divórcio.”

32 Ego autem dico vobis: quia omnis qui dimiserit uxorem suam, excepta fornicationis causa, facit eam moechari: et qui dimissam duxerit, adulterat.
Eu porém vos digo: que todo aquele que repudiar sua esposa, salvo por causa de infidelidade, faz com que ela cometa adultério; e quem casar com a repudiada comete adultério.

Reflexão:
A palavra desperta um convite à responsabilidade individual, pautada no autodomínio e no respeito mútuo. O olhar atento, a ação deliberada e a escolha consciente se entrelaçam para fomentar uma esfera social onde cada vínculo é cultivado com integridade. A autonomia pessoal não deve levar à permissividade, mas sim exigir que nossos compromissos reflitam tanto autenticidade interior quanto respeito à liberdade do outro. O verdadeiro valor do contrato humano — conjugal ou social — repousa na capacidade de sustentar acordos justos, sem subterfúgios. Nesse equilíbrio, cada escolha voluntária contribui para um tecido coletivo mais sólido e digno.


Versículo mais importante: 

O versículo considerado mais central e importante em Mateus 5,27–32 é frequentemente o versículo 28, por seu impacto ético e espiritual ao elevar o adultério do ato físico à intenção do coração. Ele revela a profundidade da justiça do Reino, que vai além das aparências e toca o interior da pessoa.

Aqui está o versículo com numeração original, texto da Vulgata e a tradução para o português:

Ego autem dico vobis: quia omnis qui viderit mulierem ad concupiscendum eam, jam moechatus est eam in corde suo.
Eu, porém, vos digo: todo aquele que olhar para uma mulher com desejo, já cometeu adultério com ela em seu coração. (Mt 5:28)

Esse versículo é crucial porque revela a radicalidade do ensinamento de Jesus: a moral não se limita à ação exterior, mas exige pureza interior, respeito ao outro e autodomínio. Ele ensina que a dignidade humana começa na intenção, e a liberdade só se realiza plenamente quando guiada pelo amor e pela verdade interior.


HOMILIA

O Fogo Interior e a Construção da Unidade

No silêncio entre o olhar e o gesto, onde nasce a intenção, habita o mistério da verdadeira liberdade. O Cristo, ao dizer “todo aquele que olhar para uma mulher com desejo, já cometeu adultério com ela em seu coração”, não condena o impulso natural da existência sensível, mas ilumina a origem de nossas escolhas: o centro espiritual onde a vontade se encontra com o amor.

Este Evangelho não é um convite ao medo, mas à elevação. Ele nos convida a purificar o olhar, não por repressão, mas pela transfiguração do desejo em reverência. Cada vínculo humano deve ser expressão de uma liberdade madura, aquela que não rompe, mas que une; que não consome, mas oferece.

A união verdadeira — conjugal, social, espiritual — só floresce onde há responsabilidade pelo outro. A separação sem causa justa, a instrumentalização dos afetos, são feridas que nascem da dispersão interior. Quando não estamos unificados dentro de nós, fragmentamos tudo ao redor.

Arrancar o olho ou cortar a mão é imagem da renúncia aos apegos que deformam a liberdade. Não se trata de mutilar o ser, mas de libertá-lo do que o desintegra. A plenitude é construída onde a liberdade encontra o limite no amor e a verdade é vivida com fidelidade.

Neste chamado à integridade, somos convidados a participar da construção de um mundo mais luminoso — não pela imposição de normas, mas pela irradiação de uma consciência que vê no outro um prolongamento sagrado de si mesmo. E assim, no fogo interior da escolha verdadeira, o Reino se faz presente.


EXPLICAÇÃO TEOLÓGICA

Análise Teológica Profunda de Mateus 5,28

“Eu, porém, vos digo: todo aquele que olhar para uma mulher com desejo, já cometeu adultério com ela em seu coração.” (Mt 5,28)


1. Contexto do Sermão

Este ensinamento faz parte do Sermão da Montanha, no qual Jesus não apenas repete a Lei mosaica, mas a profundiza, revelando sua raiz espiritual. Quando Ele interpõe “Eu porém vos digo” sobre o mandamento “Não cometerás adultério” (Ex 20,14), indica que a verdadeira justiça do Reino exige mais do que a mera observância externa: exige transformação interior.

2. A dimensão interior do pecado

Intenção versus ato: Na moral judaico-cristã, o pecado não se reduz ao gesto visível; nasce primeiro na vontade e na fantasia. Ao apontar o olhar concupiscente como já adulterante, Cristo mostra que o pecado do coração — a concupiscência — é gravíssimo e precisa ser purificado.
Concupiscência e liberdade: A tentação não é necessariamente culpa — é oferecimento de um ato ao desejo — mas o olhar desejante sem controle é escolha livre de permitir que o coração desvie-se do amor ordenado.

3. Fundamento bíblico mais amplo

  • Jó 31,1: “Fiz aliança com os meus olhos; como, pois, contemplaria eu uma virgem?” — mostra o ideal veterotestamentário de guardar o olhar.

  • Prov 4,25–27: recomenda fixar o olhar no caminho reto e evitar ver o mal: a pureza começa ao rejeitar mentalmente o estímulo desordenado.

4. Ensinamentos dos Padres da Igreja

  • Santo Agostinho: ensina que o desejo desordenado é raiz de todo pecado, pois contamina o coração e escraviza a vontade. Para ele, a luta interior por castidade é essencial à vida cristã.

  • Santo Tomás de Aquino: na Summa Theologiae (II-II, q. 151–154), sistematiza os vícios contra a castidade, ensinando que o pensamento impuro já é ato voluntário quando cultivado.

5. Implicações morais e espirituais

  1. Pureza de coração: não basta reprimir o olhar; é preciso cultivar virtudes interiores — humildade, gratidão, autocontrole — para que o desejo seja transfigurado em veneração.

  2. Discernimento e conversão: reconhecer a presença do desejo impuro é o primeiro passo para a metanoia, a volta sincera ao amor de Deus.

  3. A ética do outro: o ensinamento reforça que toda relação humana exige respeito à dignidade alheia; olhar-se com desejo egoísta fere a plena reciprocidade do amor responsável.

6. Caminho de purificação

  • Oração e vigilância: cultivar a oração do coração (cf. Lc 21,36) para manter a mente e o coração orientados para o Bem.

  • Exame de consciência: revisar interiormente as motivações e disposições afetivas, pedindo ao Espírito Santo a graça de um olhar santo.

  • Prática da virtude: empenhar-se em atos concretos de caridade, que elevam o desejo desordenado e o convertem em serviço ao próximo.

Conclusão
O versículo Mt 5,28 nos conduz a uma conversão radical: não apenas ao respeito às leis exteriores, mas à vigilância do centro de nossa seriedade moral, o coração. É no íntimo, na escolha consciente de nossos pensamentos e desejos, que se decide nossa comunhão com Deus e com o outro. A justiça do Reino, portanto, exige um coração puro, capaz de amar sem ferir, de desejar sem possuir, e de ver no outro um convite ao encontro verdadeiro com o Divino.

Leia: LITURGIA DA PALAVRA

Leia também:

Primeira Leitura

Segunda Leitura

Salmo

Evangelho

Santo do dia

Oração Diária

Mensagens de Fé

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