quinta-feira, 5 de junho de 2025

LITURGIA E HOMILIA DIÁRIA - Evangelho: João 21:20-25 - 07.06.2025

 Liturgia Diária


7 – SÁBADO 

7ª SEMANA DA PÁSCOA


(branco, pref. [depois] da Ascensão – ofício do dia)


“Todos eles perseveravam na oração em comum, junto com algumas mulheres – entre elas, Maria, mãe de Jesus – e com os irmãos dele.” (At 1,14).


Dois impulsos elevam o espírito do verdadeiro mensageiro: a fidelidade à Voz que o envia aos confins do mundo e a íntima aspiração de comungar com os irmãos na liberdade da fé. Seu caminho é ação iluminada, e sua palavra, semente que desata consciências. Paulo, o incansável, não buscava domínio, mas comunhão; não impunha, despertava. Pois onde há verdade, aí reside o direito de falar e de ser ouvido. A missão não é imposição, mas encontro.

“Onde está o Espírito do Senhor, aí está a liberdade.”
2Coríntios 3,17



Conclusio Evangelii secundum Ioannem

João 21,20-25 – Vulgata

20 Conversus Petrus vidit illum discipulum quem diligebat Iesus, sequentem, qui et recubuit in cena super pectus eius et dixit: Domine quis est qui tradet te?
Pedro, voltando-se, viu que o seguia o discípulo que Jesus amava, aquele que na ceia se reclinara sobre o peito de Jesus e dissera: Senhor, quem é que te vai entregar?

21 Hunc ergo cum vidisset Petrus, dixit Iesu: Domine, hic autem quid?
Vendo-o, então, Pedro disse a Jesus: Senhor, e quanto a este?

22 Dicit ei Iesus: Si sic eum volo manere donec veniam, quid ad te? tu me sequere.
Disse-lhe Jesus: Se eu quero que ele permaneça até que eu venha, que te importa? Tu, segue-me.

23 Exiit ergo sermo iste inter fratres, quia discipulus ille non moritur. Et non dixit ei Iesus: Non moritur; sed: Si sic eum volo manere donec veniam, quid ad te?
Espalhou-se, então, entre os irmãos o boato de que aquele discípulo não morreria. Jesus, porém, não lhe dissera: Não morrerá; mas: Se eu quero que ele permaneça até que eu venha, que te importa?

24 Hic est discipulus qui testimonium perhibet de his et scripsit haec; et scimus quia verum est testimonium eius.
Este é o discípulo que dá testemunho destas coisas e que as escreveu; e sabemos que o seu testemunho é verdadeiro.

25 Sunt autem et alia multa quae fecit Iesus, quae si scribantur per singula, nec ipsum arbitror mundum capere eos qui scribendi sunt libros.
Há, porém, ainda muitas outras coisas que Jesus fez. Se fossem escritas uma por uma, penso que o mundo inteiro não poderia conter os livros que seriam escritos.

Reflexão:

No silêncio entre as palavras do Mestre, revela-se uma liberdade que não exige saber tudo, mas convida a seguir. Cada um é chamado por um nome único, com uma missão distinta, onde a comparação se dissolve na confiança. A verdade não se impõe por medida universal, mas floresce no testemunho fiel, na escuta interior, na ação que brota do encontro. Há gestos de amor que jamais serão escritos, e ainda assim moldam o destino do mundo. A existência ganha sentido não na extensão do que se vê, mas na intensidade do que se vive com plenitude e responsabilidade pessoal. 


Versículo mais importante:

Dicit ei Iesus: Si sic eum volo manere donec veniam, quid ad te? tu me sequere.
Disse-lhe Jesus: Se eu quero que ele permaneça até que eu venha, que te importa? Tu, segue-me. (Jo 21:22)

Esse versículo destaca a singularidade da vocação de cada discípulo e o foco na fidelidade pessoal ao chamado, em vez da comparação com a missão alheia.


HOMILIA

O Chamado Único da Alma

No sopro final do Evangelho segundo João, quando os ecos da Ressurreição ainda vibram no horizonte da alma humana, somos conduzidos a um instante de revelação silenciosa. Pedro, já restaurado pelo amor do Ressuscitado, volta-se para o discípulo que Jesus amava e pergunta: “Senhor, e quanto a este?” Ao que o Cristo responde com firmeza e doçura: “Se eu quero que ele permaneça até que eu venha, que te importa? Tu, segue-me.”

Neste breve diálogo, algo profundo se revela: a jornada da alma é singular, e sua dignidade não depende da comparação, mas da fidelidade ao chamado interior. Cada pessoa nasce portando em si um princípio de irradiação única — um centro de resposta ao Verbo eterno. A plenitude do ser não se realiza na imitação dos outros, mas na escuta atenta à Voz que sussurra desde o íntimo: “Segue-me.”

O Mestre convida Pedro a uma liberdade mais profunda — não a liberdade de agir como quiser, mas a liberdade de ser o que é, com inteireza e coragem. E nesse convite está o núcleo da verdadeira evolução: avançar em direção ao próprio centro, onde a presença do Cristo se revela como origem e destino.

O discípulo amado, que permanece em silêncio, é o símbolo do mistério guardado. Ele representa o espaço da interioridade que não precisa justificar-se, pois sua missão é permanecer — ser presença fiel, contemplativa, portadora de uma memória viva da Encarnação.

A dignidade humana resplandece quando compreendemos que ninguém pode viver a missão do outro, e que o valor de cada caminho reside em sua autenticidade. O mundo não poderia conter todos os gestos de amor que fluem do Cristo, porque muitos deles se encarnam secretamente em vidas que simplesmente seguem-no, em silêncio, até que Ele venha.

Assim, somos chamados não a saber o caminho do outro, mas a trilhar o nosso com inteireza. E nesse seguimento fiel, a alma cresce, se expande, se une ao Todo, e cumpre o mistério para o qual foi criada desde antes do tempo.


EXPLICAÇÃO TEOLÓGICA

Explicação teológica profunda de João 21,22
"Disse-lhe Jesus: Se eu quero que ele permaneça até que eu venha, que te importa? Tu, segue-me." (Jo 21,22)

Este versículo contém uma das declarações mais densas e espiritualmente provocadoras do Cristo ressuscitado. Nele, Jesus responde a Pedro, que acabara de perguntar sobre o destino do discípulo amado. A resposta não é apenas uma correção fraterna, mas uma revelação sobre a natureza da vocação pessoal, da liberdade espiritual e da soberania do Verbo encarnado sobre a história e as almas.

1. A primazia da vontade divina

"Se eu quero..." — Jesus revela a soberania absoluta de sua vontade. O discipulado cristão não é fundado em expectativas humanas, mas na adesão livre à vontade divina, que é sempre amorosa, mesmo quando incompreensível. Cada alma é conduzida segundo um desígnio único, e o “querer” de Cristo é a expressão de sua providência pessoalíssima.

2. A singularidade do chamado

"Que ele permaneça até que eu venha..." — Esta expressão pode ser lida em dois níveis. Literalmente, ela causou confusão entre os primeiros discípulos, que imaginaram que João não morreria até a parusia. Mas teologicamente, essa "permanência" refere-se a um tipo especial de missão: ser testemunha silenciosa, presença fiel até a manifestação última do Senhor. O verbo "permanecer" (em grego, μένειν, ménein) é chave no Evangelho de João e evoca comunhão duradoura, não apenas sobrevivência temporal.

3. O convite à liberdade interior

"Que te importa?" — Aqui Jesus desarma a tentação da comparação. A vocação cristã não nasce da curiosidade sobre o caminho do outro, mas da escuta fiel do chamado pessoal. A dignidade de cada discípulo está em sua relação direta com o Senhor, e não em sua posição em relação aos demais. É um chamado à liberdade do coração, que se liberta da inveja, da ansiedade e da busca por validação.

4. O imperativo do seguimento

"Tu, segue-me." — Este é o núcleo da resposta. O imperativo é direto, incisivo e existencial. O verbo "seguir" (ἀκολούθει, akolouthei) implica mais do que um ato físico: é a entrega contínua da vida ao caminho de Cristo, um caminho de cruz e de glória. Ao dizer "tu", Jesus reafirma a pessoalidade do chamado: não é um mandamento genérico, mas um olhar que atravessa a alma e a chama pelo nome.

Conclusão

João 21,22 nos recorda que o discipulado cristão é uma aventura profundamente pessoal, marcada por liberdade, confiança e entrega. Cada um é chamado a responder com fidelidade à Palavra que lhe é dirigida — sem se distrair com os destinos alheios, sem exigir compreender tudo. Pois é no seguimento fiel, na comunhão íntima com Cristo, que o sentido último da vida se revela. A verdadeira maturidade espiritual nasce quando deixamos de perguntar “e quanto ao outro?” e passamos a viver plenamente o “segue-me”.

Leia também: LITURGIA DA PALAVRA

Leia também:

Primeira Leitura

Segunda Leitura

Salmo

Evangelho

Santo do dia

Oração Diária

Mensagens de Fé

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