quinta-feira, 22 de maio de 2025

LITURGIA E HOMILIA DIÁRIA - Evangelho: João 15:18-21 - 24.05.2025

 Liturgia Diária


24 – SÁBADO 

5ª SEMANA DA PÁSCOA


(branco – ofício do dia)


Com Cristo fostes sepultados no batismo; com ele também fostes ressuscitados, por meio da fé no poder de Deus, que ressuscitou a Cristo dentre os mortos, aleluia (Cl 2,12).


Impulsionadas pelo Espírito que sopra onde quer, as consciências despertas se unem em comunhão interior, transcendendo fronteiras visíveis. Assim como os primeiros discípulos floresciam na diversidade de dons, também hoje nos é revelado o chamado à intercessão pelo oriente profundo, onde pulsa a semente do despertar. Celebramos o décimo ciclo da voz que clama por harmonia entre criação e criatura — “Louvado sejas”, eco que ressoa na eternidade. O Espírito da liberdade se expressa na pluralidade do ser, guiando cada alma à sua dignidade inviolável, onde a verdade não é imposta, mas descoberta no íntimo do coração que busca.



Lectio Sancti Evangelii secundum Ioannem 15,18-21

18 Si mundus vos odit, scitote quia me priorem vobis odio habuit.
Se o mundo vos odeia, sabei que, antes de vós, a mim odiou.

19 Si de mundo fuissetis, mundus quod suum erat diligeret; sed quia de mundo non estis, sed ego elegi vos de mundo, propterea odit vos mundus.
Se fôsseis do mundo, o mundo amaria o que é seu; mas, porque não sois do mundo, antes eu vos escolhi do mundo, por isso o mundo vos odeia.

20 Mementote sermonis, quem ego dixi vobis: Non est servus maior domino suo. Si me persecuti sunt, et vos persequentur; si sermonem meum servaverunt, et vestrum servabunt.
Lembrai-vos da palavra que vos disse: O servo não é maior do que o seu senhor. Se me perseguiram a mim, também vos perseguirão; se guardaram a minha palavra, também guardarão a vossa.

21 Sed hæc omnia facient vobis propter nomen meum: quia nesciunt eum, qui misit me.
Mas tudo isso vos farão por causa do meu nome, porque não conhecem aquele que me enviou.

Reflexão:
A liberdade interior floresce quando o espírito humano, mesmo rejeitado, permanece fiel à verdade que o transcende. O ódio do mundo é apenas um eco do medo diante da autenticidade. Aqueles que caminham pelo chamado íntimo do Espírito não pertencem às estruturas que aprisionam. Escolher a verdade, mesmo sob risco, é afirmar a dignidade inviolável da consciência. Onde há perseguição, há também sinal de caminho justo. A rejeição torna-se selo de coerência, não de derrota. Cada consciência livre é semente de transformação, pois não é o reconhecimento exterior que valida a missão, mas a fidelidade ao impulso da luz interior.


Versículo mais importante:

Si de mundo fuissetis, mundus quod suum erat diligeret; sed quia de mundo non estis, sed ego elegi vos de mundo, propterea odit vos mundus.
Se fôsseis do mundo, o mundo amaria o que é seu; mas, porque não sois do mundo, antes eu vos escolhi do mundo, por isso o mundo vos odeia. (Jo 15:19)

Esse versículo revela a tensão fundamental entre a liberdade do espírito e a conformidade ao sistema, convidando à fidelidade à verdade interior, mesmo em oposição ao coletivo.


HOMILIA

O Chamado da Luz no Coração do Mundo

Há em cada ser humano uma centelha que não pertence ao mundo, mas o atravessa. É essa luz interior — sutil, firme e silenciosa — que desperta o ser para uma fidelidade que ultrapassa convenções, expectativas e consensos. Não é fuga, mas presença elevada; não é negação do mundo, mas sua transfiguração desde dentro.

O Cristo, Verbo encarnado, não rejeitou a matéria: caminhou sobre a terra, tocou os corpos, partilhou o pão. No entanto, não se deixou absorver por nenhuma estrutura que obscurecesse o amor. Por isso, foi odiado. A liberdade que Ele manifesta perturba os sistemas que exigem obediência cega; ela inspira cada um a ouvir o chamado silencioso da consciência — lugar onde a verdade e a responsabilidade se unem.

Hoje, os que se deixam conduzir por esse mesmo Espírito são convidados a uma tensão criadora: pertencer ao mundo como fermento, mas não como massa; ser presença viva sem perder a integridade do ser. O ódio que nasce contra os que permanecem fiéis à luz é o reflexo da resistência ao que liberta. Mas essa rejeição não é sinal de fracasso, é confirmação da escolha.

Porque o Cristo escolheu os seus — não pela força, mas pela vibração do amor — cada um é livre para responder. E é nesse sim interior, muitas vezes solitário, que o mundo começa a ser transformado. Não pela imposição, mas pela irradiação. A verdade não precisa de defesa violenta: ela cresce onde há integridade, e resplandece onde há coragem de permanecer.

Si me persecuti sunt, et vos persequentur...
Se me perseguiram a mim, também vos perseguirão... (Jo 15,20)

Mas ainda assim, avancemos. Pois a luz que se acende no íntimo de um só coração já é promessa de aurora para o todo.


EXPLICAÇÃO TEOLÓGICA

Explicação teologicamente profunda de João 15,19:

“Se fôsseis do mundo, o mundo amaria o que é seu; mas, porque não sois do mundo, antes eu vos escolhi do mundo, por isso o mundo vos odeia.”
(João 15,19)

Este versículo contém uma das afirmações mais densas e espiritualmente exigentes do discurso de despedida de Jesus, revelando a tensão ontológica e escatológica entre o discípulo e o “mundo”.

1. O significado de “mundo” (gr. kosmos)

Na teologia joanina, “mundo” não se refere apenas ao planeta ou à humanidade em geral, mas a um sistema organizado segundo princípios contrários à verdade divina. É o conjunto de valores, estruturas e desejos que se opõem à luz, à liberdade interior e ao amor transcendente. O mundo é, nesse sentido, o campo onde a criatura tenta se fechar em si mesma, recusando o dom da graça.

2. “Se fôsseis do mundo, o mundo amaria o que é seu”

Aqui, Jesus afirma que a afinidade com o mundo gera aceitação. Quem partilha dos mesmos interesses egoicos, dos mesmos impulsos de dominação, prestígio e poder, é facilmente acolhido pelo mundo. O “amor do mundo” é, muitas vezes, cumplicidade com a superficialidade e com a recusa da transcendência. Há uma falsa paz, um reconhecimento baseado na conformidade, não na verdade.

3. “Mas, porque não sois do mundo...”

Jesus rompe com essa lógica ao afirmar a origem espiritual do discípulo: ele não pertence ao mundo. Isso não significa uma fuga da realidade, mas um deslocamento do centro de identidade — o discípulo está no mundo, mas enraizado no eterno. Essa pertença ao Reino de Deus redefine a existência: a verdade passa a orientar as escolhas, não a conveniência; o amor se torna critério, não o interesse.

4. “Antes eu vos escolhi do mundo”

A eleição do discípulo por Cristo é um ato de amor e convocação. Não é uma exclusão, mas uma consagração — Cristo separa, não para isolar, mas para enviar. Essa escolha indica que a vocação do discípulo é ser sinal de outro modo de viver, uma presença transformadora no mundo. A eleição é, portanto, responsabilidade: é viver segundo o Espírito, mesmo que isso contrarie as expectativas da ordem visível.

5. “Por isso o mundo vos odeia”

O ódio do mundo é consequência da liberdade do discípulo. Quem é livre incomoda; quem vive segundo a verdade confronta os sistemas de mentira e aparência. O ódio aqui não é pessoal, mas estrutural: o mundo rejeita o que ameaça sua autossuficiência. Como Cristo foi rejeitado, também os seus o serão — não por serem rebeldes, mas por serem fiéis.

Conclusão:

Este versículo revela a profundidade da identidade cristã: viver no mundo sem pertencer a ele. Ser escolhido por Cristo é ser chamado a uma liberdade radical, cuja raiz está no amor, e cuja missão é testemunhar a verdade em meio à resistência. O ódio do mundo, longe de ser motivo de desânimo, é sinal de autenticidade e de participação no caminho do próprio Cristo. O discípulo é, assim, uma presença profética: pacífica, mas firme; rejeitada, mas luminosa.

Leia também: LITURGIA DA PALAVRA


Leia também:

Primeira Leitura

Segunda Leitura

Salmo

Evangelho

Santo do dia

Oração Diária

Mensagens de Fé

#evangelho #homilia #reflexão #católico #evangélico #espírita #cristão

#jesus #cristo #liturgia #liturgiadapalavra #liturgia #salmo #oração

#primeiraleitura #segundaleitura #santododia #vulgata

Nenhum comentário:

Postar um comentário