terça-feira, 13 de maio de 2025

LITURGIA E HOMILIA DIÁRIA - Evangelho: João 1316-20 - 15.05.2025

 Liturgia Diária


15 – QUINTA-FEIRA 

4ª SEMANA DA PÁSCOA


(branco – ofício do dia)


Ó Deus, quando saístes com o povo caminhando à sua frente, habitando no meio deles, a terra estremeceu e orvalhou o próprio céu, aleluia (Sl 67,8s.20).


A Presença que tudo sustenta caminha conosco, não como imposição, mas como oferta de sentido. Em cada consciência desperta, há um chamado para viver com dignidade, como quem reconhece o valor sagrado da liberdade interior. O Salvador, que é Jesus, não vem para dominar, mas para revelar a potência do amor que liberta. Ser sensível à sua obra é perceber que cada gesto justo constrói o mundo como espaço de comunhão. Tornamo-nos mensageiros não por dever, mas por afinidade com a Verdade viva. Onde há respeito à dignidade, ali ressoa a voz d’Aquele que conduz com sabedoria e amor.


Lectio sancti Evangelii secundum Ioannem

Joannes 13,16-20

16 Amen, amen dico vobis: non est servus major domino suo, neque apostolus major eo qui misit eum.
Em verdade, em verdade vos digo: o servo não é maior do que seu senhor, nem o apóstolo maior do que aquele que o enviou.

17 Si hæc scitis, beati eritis si feceritis ea.
Se sabeis estas coisas, sereis felizes, se as praticardes.

18 Non de omnibus vobis dico: ego scio quos elegerim: sed ut impleatur Scriptura: Qui manducat mecum panem, levavit contra me calcaneum suum.
Não falo de todos vós: eu conheço os que escolhi; mas é para que se cumpra a Escritura: Aquele que come do meu pão, levantou contra mim o calcanhar.

19 Amodo dico vobis priusquam fiat: ut cum factum fuerit, credatis quia ego sum.
Desde agora, digo-vos antes que aconteça, para que, quando acontecer, creiais que Eu Sou.

20 Amen, amen dico vobis: qui accipit si quem misero, me accipit: qui autem me accipit, accipit eum qui me misit.
Em verdade, em verdade vos digo: quem recebe aquele que eu enviar, a mim recebe; e quem me recebe, recebe aquele que me enviou.

Reflexão:

Cada ser é um ponto consciente da grande Obra em expansão. Não há hierarquia de essência, mas funções que cooperam para o Todo. Ser enviado é participar do fluxo criador que une o visível ao invisível, onde o menor não é inferior, mas necessário. A verdadeira felicidade brota não da posse, mas da ação coerente com o Bem. Jesus revela que o gesto de servir não diminui, mas integra. Mesmo a traição cumpre um lugar no mistério do tempo. Receber o outro é acolher a origem. E crer que “Eu Sou” é reconhecer, em liberdade, a presença que habita e sustenta tudo.


Versiculo mais importante:

Amen, amen dico vobis: qui accipit si quem misero, me accipit: qui autem me accipit, accipit eum qui me misit.
Em verdade, em verdade vos digo: quem recebe aquele que eu enviar, a mim recebe; e quem me recebe, recebe aquele que me enviou. (Jo 13:20)

Este versículo expressa a ontologia da missão como continuidade viva entre o humano e o divino. Ao acolher o enviado, acolhe-se o Enviador. Cada relação torna-se, assim, ponte sagrada entre a liberdade humana e o amor originário.


HOMILIA

O Servir que Transfigura o Ser

No coração do gesto mais simples se esconde a mais alta elevação. Jesus, ao falar do servo que não é maior que seu Senhor, não impõe uma hierarquia de dominação, mas revela a simetria sagrada da missão. O enviado participa da substância do Enviador. Aquele que serve, não se anula; pelo contrário, expande-se na direção do Todo.

Nesta passagem, a liberdade não é um privilégio isolado, mas uma resposta consciente ao chamado de amar e agir com sentido. O “Eu Sou” que Jesus afirma é a presença que sustenta todos os que se deixam conduzir por um amor que não se impõe, mas transforma.

Receber o outro como enviado é reconhecer que toda vida é ponte para o Infinito. Não se trata apenas de fé no invisível, mas de escuta profunda ao Mistério que pulsa em cada rosto. A felicidade não está em saber, mas em viver coerentemente com o que se sabe. Assim, aquele que serve, manifesta a origem; e aquele que acolhe, se une à Fonte.

Cristo não nos deixa fora da Obra: Ele nos faz partícipes. E neste fluxo de envio e acolhimento, o universo interior se ordena. O Amor, ao tocar o mundo, revela que servir é crescer em direção à Luz.


EXPLICAÇÃO TEOLÓGICA

João 13:20 - "Em verdade, em verdade vos digo: quem recebe aquele que eu enviar, a mim recebe; e quem me recebe, recebe aquele que me enviou."

Este versículo é uma chave para entender o vínculo espiritual que une o Cristo, o Pai e os discípulos. Ele revela uma relação dinâmica e interdependente entre Jesus e seus seguidores, o enviado e o Enviador. Jesus não é um simples mensageiro, mas a manifestação visível e tangível de Deus na Terra. O ato de receber os enviados de Cristo, portanto, não é apenas uma ação humana de hospitalidade, mas uma aceitação da presença divina que se manifesta através deles.

Interpretação teológica:

  1. A Unificação entre o Enviado e o Enviador:
    Ao afirmar que "quem me recebe, recebe aquele que me enviou", Jesus coloca a sua missão dentro de uma continuidade divina. Ele é a encarnação do Pai e, por meio d'Ele, o Pai se revela. Aceitar Jesus é aceitar Deus. Não há separação entre a autoridade de Jesus e a autoridade do Pai; em Cristo, o Pai se faz presente de maneira plena e visível. Quando alguém acolhe o Filho, está, na verdade, acolhendo o próprio Deus que o enviou.

  2. A Missão dos Enviados:
    Quando Jesus fala "quem recebe aquele que eu enviar, a mim recebe", Ele está falando dos seus apóstolos e, por extensão, de todos aqueles que seriam enviados em Seu nome. O termo "enviado" implica um ato de autoridade derivada diretamente de Cristo. Portanto, ao receber o mensageiro de Cristo, o crente não recebe apenas o portador da mensagem, mas a própria mensagem de Cristo e, consequentemente, a presença de Cristo.

  3. A Relação entre o Servo e o Senhor:
    Este versículo também deve ser visto à luz do contexto imediato do Evangelho, que trata da humildade e do serviço. Jesus, ao lavar os pés dos discípulos, se coloca na posição de servo, apesar de ser Senhor. A missão dos apóstolos e dos mensageiros é, assim, uma continuação desse serviço humilde. Receber esses mensageiros é aceitar a disposição de servir que Cristo personificou. Portanto, a receptividade ao enviado é um reflexo de nossa disposição em servir aos outros, em um movimento de humildade e amor.

  4. O Processo de Conformação ao Amor Divino:
    Em um nível mais profundo, a ação de receber o enviado de Cristo e a Cristo em si mesmo revela o processo de conformação ao amor divino. Não é apenas uma questão de aceitação externa, mas de transformação interna. Ao aceitar aquele que Cristo envia, o crente se abre para o amor que transcende a individualidade humana e se alinha com o plano divino. Essa recepção é uma via de crescimento espiritual, onde o ser humano se une ao propósito eterno de Deus.

  5. A Trindade e a Unidade de Propósito:
    Finalmente, esse versículo também reforça a doutrina da Trindade, onde o Pai, o Filho e o Espírito Santo são unidos num só propósito de salvação e revelação. A obra de Cristo na Terra não é um esforço isolado, mas uma manifestação contínua da ação trinitária, onde o Filho faz presente o Pai, e a Igreja, por meio dos enviados, perpetua essa presença no mundo.

Conclusão:

Este versículo é profundamente teológico porque ele revela a unidade intrínseca entre o Cristo e o Pai, e também entre os enviados e o próprio Cristo. Ao acolher o mensageiro de Cristo, acolhe-se o próprio Cristo e, por conseguinte, Deus. Assim, a recepção de Cristo não é apenas um ato de acolhimento humano, mas uma comunhão espiritual profunda, onde o crente é convidado a participar da dinâmica de amor e missão que une o Pai, o Filho e todos os que são enviados em Seu nome.

Leia também: LITURGIA DA PALAVRA

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Primeira Leitura

Segunda Leitura

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