quinta-feira, 24 de abril de 2025

LITURGIA E HOMILIA DIÁRIA - Evangelho: Marcos 16:9-15 - 26.04.2025

 Liturgia Diária


DIA 26 – SÁBADO 

OITAVA DA PÁSCOA


(branco, glória, seq. facultativa, pref. da Páscoa I [“neste dia”] – ofício próprio)


O Senhor fez sair com grande júbilo o seu povo, e seus eleitos entre gritos de alegria, aleluia (Sl 104,43).


A ressurreição é o despertar da consciência à eternidade do Ser. Não é apenas memória, mas chama viva que conclama cada alma à revelação de si mesma. A Verdade, una e luminosa, não se impõe: ela se oferece. Cada espírito é chamado a reconhecer, por liberdade sagrada, a presença do Cristo vivo — não como dogma, mas como vibração que liberta. Manifestar essa luz não é dever imposto, mas expressão espontânea do coração desperto. Renovemos, então, nossa íntima adesão ao Verbo e ao testemunho que brota, não da obrigação, mas da convicção mais profunda da alma emancipada.



Lectio Sancti Evangelii secundum Marcum (16,9-15)

  1. Surgens autem mane prima sabbati, apparuit primo Mariæ Magdalene, de qua eiecerat septem dæmonia.
    E, tendo ressuscitado de manhã, no primeiro dia da semana, apareceu primeiro a Maria Madalena, da qual havia expulsado sete demônios.

  2. Illa vadens nuntiavit his qui cum eo fuerant, lugentibus et flentibus.
    Ela foi anunciá-lo àqueles que tinham estado com Ele, enquanto choravam e lamentavam.

  3. Et illi audientes quia viveret, et visus esset ab ea, non crediderunt.
    Mas, ouvindo que Ele vivia e que tinha sido visto por ela, não acreditaram.

  4. Post hæc autem duobus ex illis ambulantibus ostensus est in alia effigie, euntibus in villam.
    Depois disso, manifestou-se sob outra forma a dois deles que iam a caminho de uma aldeia.

  5. Et illi euntes nuntiaverunt ceteris: nec illis crediderunt.
    Estes também o anunciaram aos outros, mas nem a eles deram crédito.

  6. Novissime recumbentibus illis undecim apparuit: et exprobravit incredulitatem illorum et duritiam cordis: quia iis, qui viderant eum resurrexisse, non crediderant.
    Por fim, apareceu aos onze quando estavam à mesa, e censurou-lhes a incredulidade e a dureza de coração, por não terem acreditado naqueles que o viram ressuscitado.

  7. Et dixit eis: Euntes in mundum universum, prædicate Evangelium omni creaturæ.
    E disse-lhes: Ide por todo o mundo e proclamai o Evangelho a toda criatura.

Reflexão
A presença do Ressuscitado inaugura não apenas um novo tempo, mas um novo modo de ser: a liberdade que brota da certeza interior. O chamado à proclamação não é imposição, mas resposta espontânea ao reconhecimento do sagrado em nós. Aqueles que O viram despertaram para um estado mais pleno de consciência, e mesmo na dúvida, germinava a semente do vir-a-ser. Cada criatura torna-se espaço de revelação, e o mundo inteiro, campo aberto à transformação. Na jornada de cada ser, ressoa a voz do Cristo: "Vai, caminha, e manifesta a luz que em ti desperta, pois és parte do Todo que se revela em liberdade."


Versículo mais importante:

O versículo mais importante de Lectio Sancti Evangelii secundum Marcum (16,9-15) é, geralmente, considerado o versículo 15, pois ele contém o envio universal dos discípulos, o grande chamado à missão e à liberdade interior de propagar a verdade revelada.

Et dixit eis: Euntes in mundum universum, prædicate Evangelium omni creaturæ.

E disse-lhes: Ide por todo o mundo e proclamai o Evangelho a toda criatura.(Mc 16:15)

Esse versículo representa a abertura da mensagem a toda a humanidade, sem restrições, e também afirma a dignidade universal da consciência, convidando cada ser a participar da luz da Verdade. É um chamado à ação livre e à expansão do espírito.


HOMILIA

A Luz que se Move com o Universo

No princípio da manhã eterna, quando o primeiro raio rompeu a obscuridade da pedra removida, uma voz viva atravessou o silêncio do túmulo: Ele vive. Mas essa proclamação não se limitou a um instante perdido no tempo — ela continua a ressoar no centro do ser, convocando cada alma à expansão interior.

O Evangelho segundo Marcos (16,9-15) narra encontros e resistências. Aquele que ressuscitou aparece primeiro a quem chorava, depois a quem caminhava, e por fim, a quem permanecia fechado em si. Em cada revelação, a Vida se oferece como presença que transforma, mas que não se impõe. A incredulidade dos discípulos não é censurada como falha moral, mas como um sinal de que o coração ainda não havia se alinhado ao movimento mais profundo da realidade.

A ressurreição não é apenas um fato, mas um princípio em expansão — um impulso vital que atravessa o ser humano e o cosmos, chamando tudo à unificação plena. Não é imposição, mas vibração que espera resposta. Quem vê, quem escuta, quem toca essa nova presença, não é obrigado a crer, mas é convidado a se integrar ao fluxo ascendente do espírito.

Quando o Ressuscitado diz: “Ide por todo o mundo e proclamai o Evangelho a toda criatura” (Mc 16,15), Ele não impõe um fardo; Ele acende um fogo. A proclamação não é tarefa reservada aos que detêm poder, mas aos que se deixam mover pela liberdade interior de uma verdade reconhecida na profundidade da alma. Cada criatura torna-se interlocutora do Mistério. Cada ser é digno de escutar e responder. Cada consciência, um ponto de centelha onde o Espírito deseja se expandir.

Há, portanto, um chamado que transcende geografias e estruturas: tornar-se testemunha viva da Presença. Isso exige que não apenas se fale, mas que se manifeste. Que não apenas se creia, mas que se viva. Pois anunciar o Evangelho é tornar visível a potência divina que habita o humano, a centelha eterna que desperta no tempo, a luz que se move com o universo — em direção ao sempre mais do Amor.


EXPLICAÇÃO TEOLÓGICA

A frase “E disse-lhes: Ide por todo o mundo e proclamai o Evangelho a toda criatura” (Mc 16:15) contém uma das mais poderosas missões atribuídas aos discípulos de Cristo, e sua profundidade teológica reside tanto na sua abrangência universal quanto no seu convite à transformação interior de quem a recebe e a propaga.

1. O Mandato Universal

A primeira chave para entender essa frase está na expressão “Ide por todo o mundo”. Jesus não limita a proclamação do Evangelho a um grupo restrito, uma nação específica ou uma classe privilegiada. Pelo contrário, Ele estende o alcance de sua mensagem à totalidade da criação humana. Esse mandamento de difundir o Evangelho reflete o caráter universal da missão de Cristo: a salvação que Ele oferece não se restringe ao povo de Israel, mas é destinada a todas as nações, sem exceção. O Evangelho, portanto, torna-se um bem universal, uma verdade que transcende as fronteiras do tempo, espaço, etnia e cultura. Isso se conecta com a ideia teológica de que a redenção e a graça divina são ofertas abertas a todos, e não a um grupo fechado ou escolhido.

2. A Proclamação do Evangelho

O termo “proclamai o Evangelho” (do grego euangelizesthe) reflete não apenas a comunicação de uma mensagem, mas a vivência e a testemunha de uma Boa Nova, um anúncio do Reino de Deus que é tanto uma realidade presente quanto futura. O Evangelho, neste contexto, é mais do que palavras — é uma revelação da verdade divina que se encarna na vida de cada cristão, transformando-os. Proclamar o Evangelho é, portanto, anunciar não uma doutrina abstrata, mas uma experiência transformadora do encontro com Cristo, que muda o coração do ser humano e sua relação com Deus, consigo mesmo e com o outro.

3. A Inclusividade de “Toda Criatura”

A expressão “a toda criatura” expande ainda mais a profundidade teológica dessa missão. O termo creatura abarca não apenas os seres humanos, mas toda a criação de Deus. Em um sentido mais profundo, isso implica que o Evangelho não é apenas para a humanidade, mas que a redenção de Cristo é cósmica — envolve o mundo inteiro. Isso remonta à ideia da nova criação em Cristo, onde, por meio de Sua ressurreição, o cosmos inteiro é restaurado. O apóstolo Paulo, em suas cartas, irá mais tarde afirmar que “todas as coisas foram reconciliadas nele” (Colossenses 1,20). Portanto, ao proclamar o Evangelho a “toda criatura”, os discípulos não apenas anunciam a salvação humana, mas também participam do movimento de restauração e renovação de toda a criação.

4. O Chamado à Participação

Quando Cristo diz aos discípulos “Ide”, Ele os comissiona a se envolver ativamente na missão divina. Esse mandato não é uma ordem passiva, mas um convite à participação ativa na obra de Deus. Para os discípulos, isso significava ir até os confins do mundo conhecido e, de maneira mais profunda, ir além de seus próprios limites e compreensões, permitindo que o Espírito Santo os conduzisse na expansão do Reino de Deus. A mensagem não se limita a ser proclamada de maneira teórica; ela exige uma vivência radical e autêntica, uma entrega da própria vida no serviço ao próximo, na partilha da verdade que liberta.

5. A Resposta à Compreensão do Mistério

Por fim, essa frase de Cristo convida à resposta pessoal ao mistério da salvação. O “Ide” não é apenas um envio geográfico, mas uma convocação espiritual. A missão de proclamar o Evangelho é, de certa forma, uma extensão da experiência do encontro pessoal com o Ressuscitado. Cada cristão, ao tomar parte desse chamado, está chamado a viver a transformação interior que experimenta em Cristo e a transbordar dessa experiência para o mundo ao seu redor.

Em um nível mais profundo, a frase de Jesus também pode ser vista como um convite para que os cristãos vivam a sua fé com uma liberdade autêntica, sem limites impostos, capazes de se lançar ao desconhecido, ao desconhecimento humano e mesmo ao medo, pois o Evangelho que proclamam é aquele que venceu a morte e todas as barreiras da realidade terrena.

Conclusão

Portanto, em “Ide por todo o mundo e proclamai o Evangelho a toda criatura” (Mc 16:15), encontramos o mandato universal da Igreja, um chamado a uma missão sem fronteiras, que não apenas evangeliza as pessoas, mas restaura toda a criação. É um convite à plena realização do ser humano na liberdade da verdade que Cristo traz, uma verdade que transcende o indivíduo e se abre para a coletividade, promovendo uma transformação radical do coração humano, de toda a criação e da própria realidade cósmica.

Leia também: LITURGIA DA PALAVRA

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